O autismo, o amor e um pouco sobre seletividade alimentar

O desconhecido assusta, e nos dá uma sensação de impotência e fraqueza no início, mas depois você vai entendendo que tudo que surge na sua vida vem por alguma razão e geralmente é pra te ensinar algo valioso. E eu aprendi a valorizar muito cada gesto de carinho do meu filho, porque foi algo que tive que conquistar, todas as vezes que ele quis se isolar, eu ia buscar ele pra mim, e o resultado é maravilhoso, hoje é ele quem me busca o tempo todo, porque o amor é contagioso. Eu ainda tenho sim muitos medos, dos quais destaco a questão da fala, porque me preocupa muito a não verbalização num mundo tão cheio de maldades em que vivemos e meu filho não poder me falar qdo lhe fizerem algo, e me preocupa muito também a questão da seletividade alimentar, esse é um assunto muito sério e que a maioria das pessoas ainda não entendem e quando digo a maioria, me refiro não apenas as senso comum, mas também a muitos profissionais. Você vai se surpreender agora quando eu relatar o que João come, mas antes de falar, vou ponderar algumas coisas pra que não seja tão julgada. A comida de João, antes dele de fato se interessar pra comer, passa por três filtros: o primeiro é a cor, se for branco, bege ou até um pouco amarelado, passa pro filtro seguinte, o cheiro e por último pela textura, se ficar grosso demais, ele vomita tudo. Ai os leigos e até mesmo os profissionais q não vivenciam isso vão me dizer: ah é porque você não insiste, tem q tentar cada coisa 10 vezes, gente quando ouço isso dá vontade de gritar, de chorar, de me rasgar todinha, porque eu tenho plena consciência que minhas falhas claro q irão existir, mas garanto q jamais serão por falta de tentativas, a seletividade alimentar é coisa séria e não vejo ela sendo tratada e discutida com a seriedade e coerência que merece. João come uma papa composta de suco de laranja com leite e farinha láctea,no café, no almoço e no jantar e acreditem não é por falta de tentativas, nem de estratégias, é porque se forçar ele vomita até a bílis e se deixar a vontade ele não pega, não se interessa por outra coisa, e eu não vou cair na pilha de quem não vivencia isso e diz: deixa com fome q ele come, não, não é assim que a banda toca, e só sabe exatamente o que falo nestas mal traçadas linhas quem sente na pele. Mas não desisto, e nem fico triste, só vou parar de lutar se eu morrer. E enquanto vida tiver estarei aqui dialogando, informando, somando e buscando todo apoio pra que meu amor cresça lindo, saudável e feliz.

Poliana Gatinho
Enviado por Poliana Gatinho em 23/10/2019
Código do texto: T6777150
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.