Evasão escolar no Brasil (Formato Enem)

Quando Immanuel Kant explanou sua máxima "O homem é aquilo que a educação faz dele", evidenciou a importância inserida nos processos educacionais para a formação do indivíduo. Nesse sentido, o contexto brasileiro enfrenta um problema preocupante: evasão escolar. Suas causas podem estar dispostas tanto na privação pela desigualdade social, como na falta de investimento por parte do Estado. Para tanto, medidas devem ser tomadas, a fim de mitigar o impasse.

Primeiramente, no que concerne à privação por disparidades sociais, o brasileiro ainda sofre com a falta de oportunidade para, exclusivamente, dedicar-se aos estudos, pois precisa, em muitos casos, adentrar ao mundo do trabalho e auxiliar na composição da renda familiar. Sobre esse aspecto de restrição de possibilidades, apesar de ficcional, o compositor Chico Buarque retratou, sensivelmente, em sua canção "O meu guri" a vida de um jovem que não teve condições para poder estudar, cuja mãe nunca havia frequentado uma escola e desconhecia a fonte de renda de seu filho, que só dizia que estava trabalhando e na verdade, infelizmente, tinha sido cooptado pelo mundo do crime. Disso, depreende-se, que a condição social é relevante para a redução do abandono escolar, pois havendo subsídios e acolhimento às pessoas em situação de vulnerabilidade, o mercado de trabalho ou formas ilícitas, não serão caminhos estimulantes.

Em segunda análise, no que tange à falta de estímulo estatal, a problemática é cultural. Uma evidência disso é percebida quando se analisa a historiografia do Brasil, cuja educação pública e gratuita trilhou longos passos até se tornar algo tangível. Na própria República Oligárquica, por exemplo, o ensino público era negligenciado, dando-se mais relevância, inclusive, à obras de infraestrutura urbana, como no governo de Rodrigues Alves, na modernização urbanística do Rio de Janeiro. No contexto atual, medidas consonantes com o corte de verbas na área educacional, são recorrentes, independente da gestão e inclinação dos atores políticos. Dessa forma, a continuidade de uma cultura de desvalorização educacional, contribui, com efeito, para a evasão dos estudantes, no sentido de tornar o ambiente de ensino abandonado, seja na sua infraestrutura sucateada, ou até na desvalorização de seu corpo docente.

Infere-se, portanto, que em virtude dos fatos supracitados, cabe ao Estado, por meio do Ministério da Educação, a elaboração de campanhas que visem a reflexão acerca dos problemas decorrentes da evasão escolar; isso deve ser feito através das mídias virtuais, televisivas e radiofônicas, para máxima reverberação. Ademais, deve-se ser direcionado por intermédio do Ministério da Economia, subsídios em caráter especial, para famílias em situação de vulnerabilidade econômica, com estímulo mantido na condição de assiduidade dos estudantes beneficiados. Desse modo, estima-se que, apenas assim, a questão será suavizada, e a máxima kantiana terá sustentáculo na realidade brasileira.