Infância roubada

Dia desses estava no carro com minha mãe, ela é professora eventual e conhece a maioria das crianças pois moramos em uma pequena cidade, enfim, estávamos entrando no carro quando vimos um garoto que vendia picolés debaixo do sol quente do meio-dia.

Minha mãe o reconheceu na hora, cumprimentou-o e depois fomos embora, algo me fez raciocinar... ele não devia ter mais do que 12 anos, mas já ganhava dinheiro, provavelmente para ajudar a família.

Quando se trabalha em escola, conhecemos diferentes tipos de pessoas, com passados e presentes totalmente inesperados. Tudo bem, trabalhar é melhor do que se drogar, mas essas mesmas crianças não chegam ao ensino médio porque seus pais não lhe dão futuro, afinal, precisam trabalhar para alimentar os vícios de sua família (pode ser o alcoolismo do pai ou alimentar a escada de irmãos que possui).

Tanta coisa poderia ser mudada, mas parece que nada é feito, e talvez esse nem seja o ponto mais impressionante: às vezes reclamamos muito de nossas vidas, ou que está difícil comprar aquela roupa ou que a internet está dando problemas, há pessoas com problemas tão maiores que os nossos, mas fechamos os olhos para tal situação e, ao invés de lutarmos para mudar tudo isso, fingimos que não faz parte da nossa realidade vidas menores, com potencial, mas menores aos nossos olhos.

Anya B
Enviado por Anya B em 13/10/2007
Código do texto: T692088