As dificuldades para o aumento da doação de órgãos no Brasil

De acordo com Hipócrates, considerado o pai da medicina, antes de curar um ser humano, é fundamental questioná-lo sobre sua disposição em renunciar aquilo que o fez adoecer. De modo análogo, antes da decisão de tornar-se um doador de órgãos, faz-se imprescindível a informação acerca da questão, a realização de exames e o diálogo com familiares, pois tornar-se fornecedor de órgãos é uma atividade que exige responsabilidade, entretanto em muitos casos, não é atendida com a devida seriedade e com as medidas autorizadas.

Apesar do estereótipo da ilegalidade que permeia os desafios e impedimentos relacionados à doação de órgãos em solo brasileiro, os impasses desse fenômeno abrangem outras esferas, como a econômica, a científica e a familiar. Segundo dados de uma pesquisa divulgada em 2018 pelo Ministério da Saúde, o número absoluto de doadores cresceu nos últimos anos, contudo, a infraestrutura e as medidas de segurança não acompanham essa evolução. A facilidade de acesso proporcionada pelo comércio virtual, a possibilidade de lucro rápido e a lei da oferta e procura são alguns dos fatores que explicam a ascensão de um mercado de órgãos cuja preocupação com a saúde e com a ética é em geral pouco difundida, em detrimento de uma atividade fraterna e voluntária de doação.

É nítida a procura incessante por órgãos, essa realidade pode ser observada principalmente nas camadas menos abastadas da população brasileira que dependem de órgãos para ter sua saúde restabelecida, porém não dispõem de recursos para arcar com os elevados custos de uma córnea, por exemplo. A doação de órgãos é ainda uma promoção de sáude que se concentra nos grandes centros urbanos, a falta de equipamentos, financiamento e até mesmo de disposição por parte de instâncias governamentais são obstáculos que impedem a reversão desse quadro. Além disso, pode-se citar o preconceito inerente à doação, que é fruto da desinformação e da falta de incentivo através de projetos de conscientização.

Diante de tantas barreiras existentes na busca pelo maior alcance da doação de órgãos no Brasil, é essencial que o Ministério da Saúde aliado a instituições de pesquisa como a Fiocruz e aos órgãos regionais responsáveis pelo atendimento à população, busquem alternativas que desmistifiquem a doação de órgãos, promovendo uma acessibilidade eficaz por parte de todos os setores populacionais por meio da adequação de hospitais e postos de saúde ao exercício da doação, com o intuito de atrair um contingente mais expressivo de doadores, cientes de que fazem a diferença, garantindo a segurança e sua integridade.

Flora Fernweh
Enviado por Flora Fernweh em 20/05/2020
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