Como sempre, o problema da vaga "liberdade de expressão"

"'Famosa empresária de bem' quer a volta às aulas mesmo com a pandemia do novo coronavírus em curso e, portanto, com riscos associados de infecção e mortes, especialmente quanto aos grupos mais vulneráveis."

Agora, falando de uma maneira mais precisa:

"Uma mulher branca e rica, dentro de sua confortável mansão, quer que trabalhadores das escolas saiam de suas residências predominantemente modestas e se exponham a ambientes densamente ocupados por crianças e adolescentes, que, com certeza, em sua maioria, não irá respeitar medidas de isolamento corporal, uso compulsório de máscaras e higienização constante com álcool em gel/água e sabão"

Então, um direitista típico aparece e argumenta:

"Respeite a minha LIBERDADE DE EXPRESSÃO (e da "empresária"), de ouvir opiniões contrárias às suas"

Bem... quem começou e quem também continua defendendo a liberdade de expressão da maneira mais vagamente definida possível, são pessoas de esquerda. Pois muitos dos argumentos usados, hoje em dia, por direitistas conservadores, têm sido baseados justamente nas sementes de relativismo desequilibrado plantadas por progressistas algumas décadas atrás quando essas "cartas" foram úteis na desconstrução parcial da hegemonia cultural/estrutural conservadora.

Mas, o feitiço virou contra o feiticeiro...

É verdade que as pessoas, em uma sociedade dita democrática, estão em seu direito de se expressarem, de dizerem aquilo que pensam e que, portanto, também gostariam que fosse imposto ou se tornasse realidade, independente se for razoável ou absurdo (e que fosse feito ao menos com o mínimo de polidez). O problema não é a exposição do que se pensa, mas a incapacidade muito comum do indivíduo, em média, de não saber avaliar as suas opiniões a partir de perspectivas mais objetivas que subjetivas e de saber participar do que seria, idealmente falando,de um diálogo "civilizado', se para aprender, ensinar ou um pouco dos dois. Ideias ou posicionamentos que apresentam critérios fracos e estão longe do ideal quanto à determinada questão, não são equivalentes aos mais ideais ou melhores e, portanto, deveriam ser descartados ou desconsiderados.

Tal como separar os feijões bons dos ruins para cozinhar.

Por exemplo, o absurdo de voltar às aulas com o ano de pandemia já caminhando para o seu final, desnecessariamente criando novos e grandes focos de contaminação e novas tragédias humanas por acontecer. Mas, com o estabelecimento desta falsa equivalência entre progressismo e conservadorismo [tal como igualar promessas de paraíso com promessas de purgatório//inferno], por mais problemático que o primeiro também tem sido, por causa do empoderamento pelo dinheiro (das elites de direita), medidas que visam resguardar vidas são "simetricamente equiparadas" com as que visam priorizar os lucros de quem pode se proteger distante de aglomerações infanto-juvenis e que também tem à sua disposição os melhores médicos/hospitais em caso de necessidade.