Não suponha coisas dos outros

Ao longo da vida constatei que é muito comum que se faça dos outros suposições sem fundamento e em alguns casos, caluniosas. Não vou afirmar que eu jamais tenha suposto sem base, mas hoje em dia eu me policio com lastro na experiência pessoal.

Lembro por exemplo de uma prima que fiquei sem ver durante décadas. Quando a reencontrei ela ficou espantada ao saber que eu era casado: "Pensei que você era solteirão". Esse é um exemplo típico de suposição absurda por não se basear em fatos ou conhecimento da situação.

Parece que em assuntos de política ou princípios ou qualquer tema polêmico o fenômeno se agrava. Vou contar quatro casos ocorridos comigo no Recanto, sem citar nomes.

Dei opinião política numa escrivaninha. Uma terceira pessoa entrou no campo de comentários e disse que eu era "leitor da Veja". Ora, eu não sou leitor da Veja por duas boas razões: 1) não tenho tempo para ler revistas e 2) não tenho dinheiro para comprar.

Eu outra ocasião certa pessoa considerou que eu assisto jogos de futebol. Ora essa, não gosto de futebol e não tenho interesse em assistir partidas, nem tempo nem paciência, e claro que não vou a estádios.

Até aqui, a esquerda. Mas a turma da direita também faz suposições erradas. Vamos a elas:

Num terceiro caso, porque eu falasse contra as touradas, um recantista disse que eu comia churrasco. Que coisa. Mesmo no tempo em que eu comia carne, detestava churrasco.

Finalmente, lembro que quando falei de aquecimento global e mencionei Greta Thunberg, uma pessoa não autenticada citou um cientista que contestava essa tese. Inocentemente, ao responder, comentei de passagem que não conhecia o cientista em questão. Apenas isso, não fiz nenhum juízo de valor, nenhuma censura, mas bastou para receber uma descompostura, como se eu estivesse depreciando o sábio em questão só por não conhecê -lo. Ora, eu não fiz pouco no cientista, se eu fizesse pouco de quem não conheço teria de fazer pouco de quase toda a raça humana, não acham? Dizer que não conhecia o cientista foi simples observação neutra, pois de fato não o conhecia.

Moral da história: antes de fazer afirmações taxativas sobre outras pessoas, certifique-se do que está dizendo.