isac

é possível silenciar a boca mas nunca o pensamento. é o que me ocorre enquanto preencho as mãos de grãos de areia e olho a imensidão do mar. desejo gritar o teu nome. desenho-o na areia com a mesma fúria de um grito. fico no instante esperançada que o mar não apague as tuas letras e que tu passes neste mesmo local, hoje ou amanhã ou um dia destes. claro que é mera utopia, mas nego-me a deixar de sonhar e a perder a inocência.

entardece. de novo a nostalgia. releio alguns dos meus escritos. não gosto do que escrevo. anseio ser mais dura. com as pessoas com quem me relaciono e com os estranhos também. vivo absorvida pelo querer mudar o mundo a todo o custo. uma perseverança que me desgasta com tanta ilusão e desilusão. já não tenho o mesmo entusiasmo em conhecer pessoas. à semelhança do que acontece com o isac, pois prefiro observá-lo, a dirigir-lhe uma palavra que seja. acredito que bem poderia ser o quebrar da magia. o derradeiro adeus.

creio que me compreendes, meu poeta nostálgico, a quem vi tão poucos sorrisos concretos. creio que nos entendemos desta forma próxima do surrealismo. a nossa conversa visual continuará a alimentar-nos a imaginação. assim poderei conservar-te como fonte de inspiração para os meus pensamentos e para os meus poemas. e seremos livres e próximos para sempre.

lunapensativa
Enviado por lunapensativa em 07/05/2005
Código do texto: T15368