Resenha de Julho

Cinco livros, cinco filmes, duas crônicas tentadas, uma morte consumada e uma gripe danada. Assim encerro o mês de julho com um balanço dos acontecimentos marcantes em minha vida. Não que não tenha ocorrido outros, mas estes merecem destaque.
Minha compulsão por livros e filmes levou-me a escolher cinco de cada, para não assustar vocês com a quantidade verdadeira dos que comprei este mês sem conseguir ler, mas que certamente serão lidos nos próximos duzentos anos.
                                  
Primeiro, aos livros.
1 - “Ensaio Poético”, de Ângela Rodrigues Gurgel. Ela mesma, a nossa Ângela do Recanto. Chegou-me pelo correio com uma dedicatória que em si já é uma poesia, a poesia desejosa de boa leitura, de parte de sua alma retratada, e a boa ressonância em meus dias. Por melhor que seja a leitura no computador, com letras graúdas, recursos de cores e acompanhamento de imagens, nada se compara ao cheiro de um livro novo, o virar de páginas, a pausa para a imaginação e o retorno às letras impressas. O livro tem 150 páginas de puro deleite poético, sem que eu pudesse destacar qual poesia é mais bonita que a outra. Deixo apenas o convite inicial de uma delas: “Entre... Não precisa bater... Já arranquei todas as chaves da porta, estava esperando você!”. Quer coisa mais linda? Só lendo.
2 - “O Ano-Novo de Montalbano”, de Andrea Camilleri, escritor italiano. São contos policiais encantadores, divertidos, ternos e que quando acabam (são todos curtos) deixam um gostinho de quero mais.
3 - “Acqua Alta”, de Donna Leon, uma escritora americana, professora de literatura inglesa e norte-americana, que reside na Itália desde 1981. Também policial. Um romance que envolve, entre vários personagens, além do inspetor Brunetti, a vítima de espancamento, uma arqueóloga, sua amiga cantora de ópera e a trama em torno de crimes relacionados com objetos raros de arte. Tem gosto de cidade pequena, com seus costumes e ciclos da natureza (“acqua alta”). Maravilhosamente bem escrito, onde cada cena é tão ou mais vívida do que seria na tela do cinema.
4 - “Crônicas da vida e da morte”, de Roberto da Matta. Como se trata de um intelectual, antropólogo, professor, etc., pensei que ia me dar mal, sem que fosse entender facilmente suas crônicas. Como tenho a pretensão de aprender a escrever crônicas, me arrisquei a comprar e não me arrependi. Sei que é lendo e rabiscando que se aprende. Escritos ricos, muito humanos, interessantes e imperdível.
5 - “Frenesi Polissilábico”, de Nick Hornby. Odiei inicialmente, mas depois identifiquei-me com esse autor, compulsivo comprador de livros e leitor. Não pude mais largar. Escritor que reside em Londres, pai de um filho autista, que reúne aqui suas colunas de crítica literária, divertidas, irreverentes, reflexivas, tão humanas. Ri às gargalhadas lendo-o até altas horas da noite. Foi através dele (e também pelas excelentes resenhas que tenho lido no Recanto) que tive a péssima idéia (pobre dos meus leitores) desta tentativa maluca de resenha mensal. Sim. Pretendo no último dia do mês vir aqui e registrar umas coisinhas. Quem for esperto, pule essa. 

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Aos filmes e ao mais.

Tenho recebido de presente e adquirido alguns filmes, que agora estão com ótimos preços. Este mês comprei uma caixinha, tipo aquelas de biscoitos finos, com cinco filmes estrelados pela encantadora Audrey Hepburn. Três já assisti. “Sabrina”, em preto e branco; “Cinderela em Paris”, com Fred Astaire; e o meu preferido, visto duas vezes: “Bonequinha de Luxo” e a eterna canção “Moon river” (de Henry Mancini), para alguns, brega, para mim, clássica, eterna, maravilhosa. Todos gravados lá pelos anos 50 e 60 quando, não muito depois das grandes guerras, o cinema tentava de todo modo entreter e fazer esquecer os acontecimentos terríveis das décadas anteriores. Os outros, são: “A princesa e o plebeu”, filme de estréia da Audrey e “Guerra e Paz”, que sempre me fez dormir após os cinco minutos do início. Desta vez pretendo assistir bravamente, até porque irá me economizar a leitura do romance clássico, que é imenso.

Sobre a morte, melhor não falar, são as travessias que todos presenciamos vez ou outra. Ficou depois deste acontecimento, a grande vontade de  escrever prosa e a tentativa que fiz nas duas crônicas publicadas imediatamente abaixo, além da baixa imunidade que me fez “pegar” uma gripe danada, que não é a porcina, mas deve ter lá seu espírito de porco.
meriam lazaro
Enviado por meriam lazaro em 31/07/2009
Reeditado em 20/02/2010
Código do texto: T1729874
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