MARIQUINHA - 11a. PARTE

11ª. PARTE

PROMESSA CUMPRIDA

Ah! Seu João! – disse eu – quase que denunciando -, a voz saindo com dificuldade dos lábios trêmulos.

Não demorou muito Mariquinha ergueu a cabeça, olhou-nos e, largando a vassoura, soltou uma exclamação saída do fundo da alma: _ Toninho, você está em minha casa!

_ Estou Mariquinha, vim cumprir minha palavra. Pedindo licença a seu João, tirei a sacola de debaixo do braço e entreguei à minha amada.

_ O que é isso? Ela perguntou.

_A pele da lebre do mato que você me pediu. Ela até chorou... De alegria?... De admiração?... De espanto?... Quem poderia saber? Ela chorou. Enxugando as lágrimas com o branquinho avental, depois abraçada à sacola, disse ao pai. _Ei pai, ontem à noite, lá na festa, na procissão, assim por acaso, eu pedi uma pele de lebre do mato para o Tonho, e ele como é o melhor caçador do arraial, já me trouxe, não foi bonito isso? O homem de palavra é um herói, não é mesmo, papai? _Claro que é filha! Interessante que eu acabava de dizer que o que o Tonho fala de manhã cumpre à tarde. Ele acaba de provar que é um verdadeiro herói. Mariquinha já não ouvia mais o que o pai falava; seus lindos olhos negros brilhavam, abraçada que ela estava à sacola com a pela da lebre, nem se mexia. Eu tinha a alma saindo pala boca, tremia todo, engolindo com os olhos aquela doce morena de cabelos lisos, no auge da paixão. Quando seu João parou de falar, fez-se silêncio só rompido quando entrou Dona Esmeralda que, admirada com aquele quadro disse: _ O que é isso? O que vocês fazem nesta sala silenciosa? O que aconteceu? Está parecendo velório!