MARIQUINHA - 16a. PARTE

16ª. PARTE

UM FATO HERÓICO

Uma vez aconteceu um fato triste que Tonho o transformou em fato heróico. Era um dia normal, sossegado, alegre, feliz, até que aparece, aos gritos Eduardo irmão caçula de Mariquinha, dizendo que a irmã estava uma fera porque eu não iria comparecer ao encontro com ela na Fazenda; eu ri muito e fiquei contente por aquela demonstração de amor. Ah! Naquela noite eu iria rir muito de Mariquinha, pois ela dizia nunca errar em suas premonições e eu estava certíssimo de ir à Fazenda. Eu disse ao garoto: Pode voltar e acalmar sua irmãzinha. Eu estarei lá à hora marcada. O menino voltou. Deu o recado à irmã: _ Ele disse que vem na hora certa. Ela responde; _Não vem não.

O dia vai passando. À tarde, depois do café, começa um corre-corre danado na casa de meus pais e na vizinhança... Uma onça arrastara um caçador, amigo nosso, ribanceira abaixo, nas draldas do sertão; ninguém tinha coragem de descer àquelas profundezas ainda que se ouvissem gritos de desespero do homem lá embaixo. Se o coitado passasse a noite ali, naquele inferno verde, no outro dia seria muito tarde para socorrê-lo. Eu gritei revoltado: Puxa vida! Lá não existe homem capaz de descer a ribanceira? Minha mãe já gritou também: _ Você não vai, Tonho, é muito perigoso e não foi culpa sua; Os companheiros dele é que o tirem de lá. Mamãe eu ainda não aprendi a viver feliz, sabendo que o meu semelhante vai morrer sem o meu socorro, eu respondi, se não tiver jeito de arrancá-lo de lá, pelo menos morrerei com ele, deverá ser menos triste morrer acompanhado.