MARIQUINHA - 26a.PARTE

26ª. PARTE

O APOIO DE SEU JOÃO

Eu temia perdê-la, mas confiava na autoridade do Seu João. À noitinha fui correndo para a Fazenda como fazia sempre. O mesmo clima. Mariquinha não aceitava mais ser beijada por mim. Dizia ela: - Não Tonho, não quero ser beijada mais, vá que você se mande para a cidade, esqueça de mim e saia dizendo que na roça há uma moça caipira que você enjoou de beijar.

- Não discuti mais’’. Momentos antes de ir para casa, fingi que ia para a cozinha tomar café e fui me despedir dos sogros. Antes, porém, pedi encarecidamente que não permitissem que Mariquinha me esquecesse, pois, tudo que eu ia fazer era pensando nela; em último caso eu voltaria e morreria de fome ao lado dela, como ela queria, e seria melhor que perdê-la. Os sogros entenderam e me deram total razão. Seu João me encorajou: - Vá, rapaz, tente a sorte e volte logo, você é um vencedor e há de vencer mais esta. Vá com os Anjos do Céu. Não se maltrate pela separação momentânea, porque a vida é assim mesmo, ninguém vence sem lutar e sem sofrimento. Confie em mim e vá sem medo. Ainda quero vê-lo rindo feliz com Mariquinha. – Abracei os velhos quase chorando de dó da Mariquinha e voltei para a sala. Minha deusa, como uma estátua continuava na mesma posição que eu a deixara. Ao despedir-me dela dei uns passos como quem ia saindo e voltei rápido, como se tivesse esquecido de dizer mais alguma coisa: Mariquinha, meu amor, ia esquecendo-me de dizer que sou obrigado a ficar uns dias sem vir aqui. Ando muito cansado e você brigando assim comigo por uma coisa que eu tenho razão, buscando a felicidade para nós! Afinal, estou lutando pelo nosso futuro, concorda comigo; eu não sabia mais o que dizer. – Claro Tonho, disse-me ela, alguma coisa me diz que agora eu sou aquela árvore grande do alto do pasto. – E como é a árvore grande do alto do pasto? Perguntei. -: Seca, sem ninhos, sem pássaros, condenada ao abandono, ao vendaval do desprezo e da dor.