Terapia do Elogio

Dizem que o elogio sempre faz muito bem a quem o recebe. E eu acho muito bom também fazê-lo. Depois de algum tempo de ausência, reencontrei um colega dez anos mais velho do que eu. A exemplo do texto anterior, utilizando-me de um gesto de civilidade, teci alguns comentários elogiosos sobre sua performance, finalizando com o arremate: “você está um garoto”.

Coincidentemente, no mesmo dia, em outro lugar, ele encontra a minha filha e diz: “hoje mesmo eu vi seu pai: tá velhinho!”

E olha que eu não tinha a idade de hoje, com os meus saudáveis 66 anos. Mas os meus cabelos já estavam bem branquinhos. Nunca os pintei, seguindo a premissa de que “o original não deve ser desoriginalizado”. Entretanto, para as mulheres, aconselho a desoriginalização. Aliás, nem precisam desse conselho. É isto que elas já fazem há muito tempo. E ficam charmosas. Nelas, cabelos brancos não combinam com a beleza feminina. Da minha parte, vou ficando com a aparência de “velhinho”, como disse o colega.

Ainda bem que alguém já disse que estou “charmoso” com meus cabelos brancos. Prefiro acreditar que não seja apenas um “gesto de civilidade.” Que seja realmente a expressão da verdade. Só assim vou me sentir bem com essa terapia do elogio.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 11/06/2010
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