O PREÇO DA PAZ - filme

Dez horas da manhã. O cinema de um shopping em Curitiba está lotado com alunos de um curso técnico para a exibição do filme O Preço da Paz sobre a vida de Ildefonso Pereira Correia, o Barão de Serro Azul.

O produtor Maurício Appel abre a sessão falando sobre a importância de conhecer a própria história e de reconhecer o papel dos personagens no seu desenvolvimento. Na platéia, os olhares se cruzam e convergem para as palavras do produtor. Muitos só conhecem o Barão de Serro Azul nas identificações dos logradouros, outros recordam de vagas referências nos livros de história.

Muitas vezes o tempo desbota algumas participações ou impossibilita o correto julgamento dos fatos. Informações manipuladas, esquecimentos... “O papel social do cinema é fazer e ser janela”. Maurício conclui consciente do que diz e realizado com o reconhecimento do seu trabalho na elaboração do projeto de lei do Senado nº 354, de 2004, que inscreve o nome do Barão de Serro Azul, antes um personagem e herói paranaense, no Livro de Heróis da Pátria.

“Banido dos livros de História, a figura do Barão de Serro Azul, um autêntico empreendedor do séc. XIX, líder político e defensor da paz, é agora resgatada pelo filme O Preço da Paz, de Maurício Appel, em que são relatados os episódios de sua vida, restituindo, pela arte, uma verdade histórica.”

Barão do Império, herói da República...

O grande écran... As imagens possibilitam a viagem no tempo. A bela produção seqüestra a atenção de todos desde os primeiros momentos quando os acordes iniciais emolduram os créditos de abertura. A atuação magistral dos atores, a direção de Paulo Morelli, a fotografia de Luis Branquinho, a trilha musical de Jaime Zenamon executada pela Orquestra Sinfônica de Berlim... Um verdadeiro encontro, a possibilidade de cicatrizar uma ferida dolorosa do povo paranaense com o silêncio e distanciamento do fuzilamento do homem que tentou negociar a paz em Curitiba durante os confrontos entre os defensores de Floriano Peixoto e os idealistas revolucionários maragatos.

O roteiro de Walter Negrão foi baseado no livro “A última viagem do Barão de Serro Azul” de Túlio Vargas, escrito em 1973. Um trabalho histórico consistente que tenta sem romantismo resgatar a verdade da vida trágica e heróica de um brasileiro.

Final da exibição. Maurício Appel aguarda os convidados no saguão e percebe o reflexo das suas palavras nas janelas entreabertas no olhar de cada espectador.

O cinema se desvela na arte de perceber a realidade e valorizar nossa contemporaneidade nos feitos dos grandes personagens brasileiros.

Helena Sut
Enviado por Helena Sut em 19/06/2005
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