A Gênese da História dos Trabalhadores no Brasil e os Paradigmas da “Transição” e da “Substituição”.

Identificação da Obra:

LUPION, Márcia Regina Oliveira. A Gênese da História dos Trabalhadores no Brasil e os Paradigmas da “Transição” e da “Substituição”. Mensagem recebida por <márcia_abs@yahoo.com.br>.

Apresentação da Obra:

“A gênese da história dos trabalhadores no Brasil e os paradigmas da transição e da substituição” remeti a contemplação da metamorfose do labor escravo para o modelo capitalista.

Num confrontar ideológico e, num discursar balizado entre as gerações de 60/70 e a de 80, alvitra o melhor conceito explicativo desta fenomenologia social, econômica e social.

Descrição da Estrutura:

A autora introduz o assunto fazendo análise das metodologias e das fontes dos historiográficos das gerações de 60/70 e a de 80, trazendo a inovação desta última.

Posteriormente é alvitrada uma discussão entre gerações, a ponderar: os paradigmas da transição e da substituição introduzidos pelos historiadores e sociológicos de 60/70, a postura antônima da geração de oitenta é também descrita; e, na linha do pensar escravista é manifesto a teoria do “Escravo Coisa”: Nesta parte do artigo é sopesado através de cientistas sociais da década de 60/70 do adágio do Escravo Coisa e, a contraposição da geração de 80.

Neste escrito delineia a contemplação da releitura da geração de oitenta sobre o trabalho da geração de 60/70: em suma é demonstrado que a instituição escravista não estorvou o alargamento do capitalismo no Brasil, nem a envoltura dos escravos e forros nessa dinâmica econômica.

Nas considerações finais a autora ratifica de forma indubitável que a geração de oitenta é mais coerente de analise sobre substituição e transição.

Descrição de Conteúdo:

O artigo é uma reflexão de diversos pontos ideológicos, a onde a autora confronta teses da substituição e da transição do trabalho escravo para o assalariado.

Márcia Regina Oliveira Lupion debruça por meios de novas fontes e metodologias a produção historiográfica dos historiadores da geração de 80, que abalizam o nascimento do trabalho e trabalhadores no Brasil na escravatura. Colacionando axiomas das gerações de 60 e 70 com a geração de 80 demonstra os paradigmas da transição e da substituição introduzidos pelos historiadores e sociólogos das primeiras décadas citadas que excluem os trabalhos escravos da gênese trabalhadora brasileira, descreviam apenas a partir dos trabalhadores estrangeiros; no entanto, na década de 80 a historiografia se debruçara a compreender a variação do trabalho escravo para o livre no Brasil que não estaria apenas ligado aos imigrantes, mas sim, ao trabalho escravista; o paradigma da substituição seria a introdução do trabalho imigrante em detrimento do trabalho escravo; ao citar Slens é explicado que pelo preconceito alcançaria a predisposição para a vinda dos imigrantes, devido à diferença de costumes e estilo de vida, então o escravo se tornou um ser incapaz de ação autônoma. A hipótese do escravo “coisa” é promulgada através da inércia do escravo que aguardaria os significados sociais impostos pelos senhores, massacrado pela escravidão se tornara insensível aos laços familiares. Mas, no entanto, a geração de 80 perpetra uma releitura sobre o trabalho da geração 60/70, demonstrando por fatos diversos que havia laços familiares de solidariedade entre os escravos, apontando escravos que foram casados, mães que buscaram seus filhos e escravos que saiam a lutar pela sua liberdade longe dos quilombos; os trabalhos dos cativos não eram apenas destinados às fazendas, estes também cultivavam terras, para provimento de sua subsistência e trabalhavam em ambientes públicos; é mostrado neste artigo de Lupion que a instituição escravista no Brasil não atrapalhou o incremento capitalista, nem os abarcamentos dos escravos e forros nessa dinâmica econômica. É ratificado que os argumentos dos historiadores da década de 80 é mais crível que os da academia de 60/70; a emanação doutrinar é que os paradigmas “substituição” e “transição” não usurparam todas as variações acontecidas em fins do século XIX e início do século XX no Brasil.

O artigo é escrito para um aclaramento sóbrio das densas doutrinas da origem do trabalho no Brasil. Não a uma ambigüidade na metodologia proposta, há uma apreensão doutrinária donde levará a um conhecimento comparativo dos fatos supracitados.

Analise de forma Crítica:

A lide acadêmica de Lupion é uma sugestão de redargüir ideologias de escolas dessemelhantes para considerar o trabalho escravo no Brasil, que eclodiriam na origem do trabalho e dos trabalhadores. Uma metodologia de trabalho é cunhada acertadamente na escolha de sintetizar a produção ideológica de 60/70 através da crítica feita por Sidney Chalhoub, Silva H. Lara e Robert Slens autores que balizaram com desenvoltura uma crítica filosófica e histórica para perpetrarem o abrolhar de um novo caminho.

Uma discussão entre as duas escolas é proposta a demonstrar que os historiadores e sociólogos da década de 60/70 excluem o trabalhador escravo da gênese da história do trabalho no Brasil, pois concluem que este fenômeno aconteceria apenas com a vinda dos imigrantes estrangeiros. Quando é posto a ponderação desta temática, fica claro que esta atitude traceja a exclusão etnocêntrica tão marcante nos historiográficos da antiga escola, o repulsar veemente dos novos teóricos destas áreas de estudos são alicerçados em documentações que não remontam o passados, mas, sim buscam compreender o fenômeno desta substituição e transição.

A citação de Robert Slens ilustra este artigo e, emana um pensar sociológico ao analisar de forma antropológica social a vida dos escravos no Brasil e, lobrigaria elos familiares, laços. Este sopesar perpetrado por Slens remove a atribuição do fardo sociológico do estigmatizo escravista que embruteceu o sentir dos escravos, a questão de lhes tornarem desprovidos da valorização da família. A humanização é decisiva para entender a necessidade de liberdade do escravo, dando-lhe a autonomia do pensar, contrariando a idéia do escravo coisa.

Sidney Chalhoub é lembrado por meio de sua obra Visões da Liberdade (1999), que ratifica o pensar de que o conceito do escravo coisa que seria incapaz de ação autônoma é incorreto, logo que existem documentações de escravos negociando suas liberdades com seus “senhores” e, também, utiliza o exemplo de laços familiares, asseverando o sentimento da solidariedade entre os escravos. Tais fatores exacerbariam em qualquer cosmovisão o ideal da luta pela liberdade.

Citando Silvia H. Lara em seu escrito Escravos Trabalhadores pela revista Trabalhadores, é, demonstrado dentre outros eventos, as muitas formas de trabalhos feitos pelos negros dentro ou fora do cativeiro. Visão esta que também foi usada por João José Reis no artigo intitulado A greve negra de 1857 na Bahia (1993), o negro é visto como fonte primaz de trabalho citando este a Robert Ave-Lallomant. Nesta análise é cabalmente posto o fim do paradigma da “substituição” e da “transição” do trabalho e do trabalhador no Brasil. O negro forro ou cativo sustentava a economia capitalista no Brasil, ou contribuiu de maneira veemente para que a mesma se solidificasse. São de total clareza que a empresa escravista no Brasil não frustrou o desenvolver do capitalismo brasileiro, nem o envolvimento de escravos forros nessa dinâmica econômica.

Recomendação da obra

Esta obra poderá ser utilizada para abrilhantar da erudição daqueles que se dedicarem a estudarem a história dos afros-descendentes e da origem do trabalho no Brasil. Estes terão uma elucidação douta num caminho a trilhar no compreender das correntes históricas e sociológicas predominantes.

Identificação do Autor

Maria Márcia Regina Oliveira Lupion é Mestra em História Social e docente colaboradora da Universidade Estadual de Maringá.