"Inquietude" de Marcos Venceslau: uma representação gráfica da inquietude

"Inquietude", HQ do quadrinista Marcos Venceslau, cujo trabalho acompanho já há alguns anos. Conheci a arte do Marcos no Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ) de 2011 (se não me falte memória) e, desde então, tenho acompanhado o trabalho dele através das feiras de quadrinhos que ocorreram em Belo Horizonte (MG) nos últimos tempos. Os primeiros trabalhos que conheci dele foram quadrinhos feitos de forma independente (fanzines), usando piratas como personagens principais. Eu gostei do bom-humor e do traço único do artista. Foram três fanzines que adquiri nos últimos anos: "Piratas" 1 e 2, pelo Quarto Mundo, e "Piratas: Tiras", pelas Edições Subterrâneo, ambos coletivos independentes.

Foi em uma das edições do FIQ (acho que em 2015) que, conversando com Marcos, ele me mostrou esboços de uma HQ em desenvolvimento, sem diálogos. Estes esboços se tornariam "Inquietude". Tomando a definição do dicionário, "Inquietude" é o mesmo que inquietação, ansiedade, desassossego, alvoroço, preocupação. Na história principal, "Em-quadrado", temos praticamente uma "pantomima gráfica" onde um personagem de chapéu se vê preso num universo onde tais definições estão presentes. A mesma sensação de angústia e perturbação pode ser conferida na segunda história, "À margem!", que traz animais competindo num ciclo predatório, cujo final instiga metáforas interessantes. Tão difícil quanto contar histórias sem diálogos, é representar emoções sem diálogos, o que requer muita dedicação e criatividade.

É sempre interessante poder acompanhar a evolução de um artista através dos anos e é, igualmente gratificante receber cordialidade do mesmo, traduzida na forma de um autógrafo, de um obrigado. "Inquietude" é uma HQ experimental interessante e uma boa amostra do prolífico mercado brasileiro atual de quadrinhos independentes.

Uma amostra da HQ pode ser conferida em: https://quadrinhosinquietos.blogspot.com/2014/11/em-quadrado-capa.html

(VENCESLAU, Marcos. Inquietude. São Paulo: Independente, 2016, 1ª edição, 48 páginas)

P.S.: Resenha escrita em 2018.

Manoel Frederico
Enviado por Manoel Frederico em 17/04/2019
Reeditado em 20/04/2019
Código do texto: T6625664
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