Sobre o capítulo 2 – “Que gramáticas existem?” do livro “Muito além da gramática – Por um ensino de línguas sem pedras no caminho” de Irandé Antunes.

O texto em pauta apresenta, inicialmente, algumas considerações relacionadas às diferentes significações do termo “gramática”: uma disciplina escolar; um livro normativo de consulta; mas é também uma Ciência que estudou, ao longo da história, o funcionamento das línguas de um modo geral e da interação da linguagem produzida (por essa língua) com a prática social. Em seguida, subdivide a Gramática em cinco tópicos: 1 º - conjunto de regras que definem o funcionamento de uma língua; 2º - Conjunto de normas que regulam o uso da norma culta; 3º - uma perspectiva de estudo dos fatos da linguagem; 4º - uma disciplina de estudo; 5º - um compêndio descritivo-normativo sobre a língua.

No primeiro tópico, a autora faz um breve resumo explicativo sobre a gramática internalizada gerativista que todo ser humano (com suas capacidades físicas e mentais consideradas normais) possui e que será preenchida por elementos paradigmáticos de uma determinada língua materna associada, concomitantemente, a um repertório de linguagem adquirido com o passar do tempo e com as interações de ordem social e cultural. Para legitimar ainda mais sua tese no texto, cita a professora doutora e pesquisadora em Sociolinguística pela Universidade de Brasília (minha professora) Marta Scherre (2005, p.9): “com três anos de idade, qualquer criança de qualquer parte do mundo se comunica com estruturas linguísticas complexas”.

Já no terceiro tópico, ela ressalta a importância da evolução dos estudos linguísticos voltados para a linguagem em interações sociais. E elenca as etapas históricas da Linguística como Ciências: “gramática tradicional”; “gramática estruturalista”; “gramática gerativa”; “gramática funcionalista”. Voltando ao segundo tópico: “conjunto de normas que regulam a norma culta”, Irandé Antunes defende a ruptura com estratégias de ensino que priorizam essa abordagem inócua da metalinguagem gramatical, tendo em vista que nada contribui para as competências interpretação e produção dos diversos gêneros textuais existentes.

Na mesma linha de raciocínio do tópico 2, o quarto tópico acrescenta ponderações críticas ao estudo de Língua Portuguesa se resumir à uma análise quase que anatômica da estrutura gramatical morfológica e sintática (geralmente): “É tal ênfase nessa disciplina que, de uns anos para cá, até mereceu uma carga horária especial, separada das aulas de redação e de literatura, como se redigir texto ou ler literatura fosse coisa que se pudesse fazer sem gramática (...)”. No quinto tópico, Antunes lembra que há gramáticas mais descritivas do que prescritivas.

RENATO PASSOS DE BARROS
Enviado por RENATO PASSOS DE BARROS em 21/04/2019
Reeditado em 02/03/2020
Código do texto: T6628720
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