LIMIT volume 6: um lindo final

LIMIT volume 6: um lindo final
Miguel Carqueija

A catarse dos personagens sobreviventes, que serão afinal resgatados após cinco dias — e nesses cinco dias coisas demais aconteceram — é o grande mote do volume final e comprova a notável sensibilidade da autora Keiko Suenobu.
Personagens que foram ao limite e retornaram — e assim ficaram se conhecendo de um modo que antes não seriam capazes — e que conhecerão enfim a força do amor, da tolerância e do perdão.


Resenha do volume 6 (final) do mangá “Limit”, de Keiko Suenobu. Editora JBC, São Paulo-SP, 2015. Editora Kodansha, Tóquio, Japão, 2011. Tradução: Fernando Sato Mucioli. Com os episódios 20 a 23.

“Você não está mais sozinha. Eu estou do seu lado.”
(Konno para Morishige)

“Sonho com um futuro iluminado.”
(Konno)

“Eu entendi. Eu finalmente entendi o que é ter uma amiga.”
(Kamiya)


Uma morte quase acidental, provocada pela insanidade de Usui, causa reação fóbica em Hinata e este, ao ver descoberta sua relação com a referida morte, como tomado de loucura tenta matar as outras meninas e chega a ferir gravemente Kamiya, com a foice.
Hinata até tenta se matar jogando-se de um penhasco, imitando Haru, mas é salvo pelas garotas (Konno e Morishige). A trama ainda dá espaço a vários lances sugestivos como quando Hinata (já normalizado) e Morishige atravessam a precária ponte para alcançar o helicóptero e Kamiya, sentindo seu estado piorar, insiste com Konno que faça o mesmo — e Konno simplesmente destrói a ponte para impedir a si mesma de abandonar Kamiya. É quando esta, até então uma garota solitária, que se isolava dos colegas, declara ter entendido finalmente o que é ter uma amiga.
Keiko Suenobu conseguiu desenvolver uma verdadeira obra-prima do mangá e uma mensagem extraordinária onde o amor supera o ódio, a violência, o preconceito e a discriminação. Após o resgate, quando Konno desperta no hospital, mesmo diante da família a primeira coisa que ela faz é perguntar por Kamiya, sendo informada que a mesma estivera até na UTI mas já estava fora de perigo. A surpresa maior, porém, é ficar sabendo que Haru estava viva apesar da queda, que fôra também resgatada.
Hinata, arrependido, confessou suas ações e irá a julgamento, com boa chance; o mais importante porém é que as quatro garotas, aparadas as suas arestas, se tornam amigas inseparáveis e prontas para adentrar em nova turma, pois a delas acabara pela morte em massa.
Konno já não participará de nenhum “bullying”; Kamiya abandona o seu isolacionismo auto-suficiente; Morishige supera os seus traumas, agora que tem amigas; Haru esquece os atritos e vence sua instabilidade emocional. As cenas finais, com as quatro andando juntas e exercendo o direito de ser felizes, são inesquecíveis.

Rio de Janeiro, 19 a 24 de abril de 2019.