ONEGAI TWINS volume 1: o mistério das duas irmãs

ONEGAI TWINS volume 1: o mistério das duas irmãs

Miguel Carqueija

 

Esse mangá, mini-série em apenas duas edições, é apresentado como sequência de “Onegai teacher”, que eu não conheço. Gira em torno de certo Maiku Kamishiro, um estudante adolescente da Escola Provincial de Ensino Médio Kisaki, mora sozinho e trabalha como programador, conseguindo se sustentar. Aí aparecem separadamente Karen Onodera e Miina Miyafuji, e cada uma pretende ser irmã gêmea de Maiku — tudo por conta de uma velha fotografia onde aparecem uma velha casa isolada e duas crianças pequenas numa piscina portátil. Uma delas é nitidamente um menino. A outra seria uma das duas garotas, e seria a irmã gêmea de Maiku. E ele, abandonado e sem conhecer os pais, o que também é o caso das duas — que também não se conheciam.

 

 

Resenha do volume 1 do mangá “Onegai twins” (mistura de japonês e inglês; pode-se traduzir “Por favor, gêmeos”), criado por “Please!” (aparentemente um grupo), com história e arte de Akikan. JBC Mangás, Editora JBC, São Paulo-SP, 2008. Media Works Inc., Tóquio, Japão, 2005. Tradução: Karen Kazumi Hayashida.

 

Isso só pode ser coisa do destino.”

(Miina Miyafuji)

 

“É normal ter problemas. Ainda mais nós, que fomos abandonados pelos pais.”

(Maiku Kamishiro)

 

“Abrirei os olhos e verei um teto estranho que me acordará para a realidade que devo enfrentar.”

(Karen Onodera)

 

A história tem sutilezas bem japonesas, mostrando o sentido de proteção entre pessoas de sexos diferentes, no caso adolescentes, e uma situação complicada de resolver porque recheada de incógnitas. Aliás a trama envolve o avistamento de um OVNI perto de uma casa de campo (a mesma agora habitada por Maiku e onde Karen e Miina também vão parar) e a estranha presença de um “bichinho misterioso” que talvez seja um ET que ficou largado por aqui.

Uma colega de Maiku no colégio, Oribe, está interessada nele e fica intrigada com a presença das garotas Karen e Miina, apresentadas como parentes distantes em dificuldade. E as duas, logo tornadas amigas, não sabem se poderão ficar pois Maiku, já pressionado para entregar seu trabalho de programação (ele tem prazos), resiste à idéia de hospedar duas adolescentes, mesmo sabendo que uma delas pode ser sua irmã gêmea, porém qual das duas? E o que a outra fará? A situação é originalíssima. Quanto ao bichinho, veio acompanhando Karen.

Mas esse não é um mangá de violência nem de baixarias. As cenas de nudez e constrangimento que ocorrem não são sórdidas , mas cômicas, ressalvando a integridade de Maiku, Karen e Onodera (cenas acidentais, já que tomam banho e estão convivendo na mesma casa). Há graciosidade nas figuras, como na capa, e é louvável que o fator que mais pesa é o sentimento. Nesse tempo de cultura do ódio, da violência e do desamor, histórias que ainda cultivam valores são importantes.

 

 

Rio de Janeiro, 3 de novembro de 2011.