Poesia, paixão, sexo e ciência

Temas que nos interessam diretamente em duas matérias publicadas pela agência Globo Online:

30/11/2005 - 12h18m

Criatividade atua como um imã sexual

Reuters

LONDRES - Pablo Picasso e os poetas Lord Byron e Dylan Thomas têm mais em comum do que uma incrível criatividade - todos tinham uma vida sexual para lá de movimentada. Essas semelhanças, segundo um novo estudo, não são meras coincidências.

Psicólogos da Newcastle University, em parceria com pesquisadores da Open University, na Grã-Bretanha, descobriram que artistas profissionais e poetas têm aproximadamente duas vezes mais parceiros sexuais que as outras pessoas.

O potencial criativo desses indivíduos parece agir como um imã sexual.

Mas o psicólogo Daniel Nettle, da Escola de Biologia da Newcastle University, disse que isso é uma faca de dois gumes.

- Poetas e artistas têm mais parceiros sexuais, mas também têm uma tendência maior à depressão - comentou.

Nettle e sua companheira de pesquisa, Helen Clegg, entrevistaram 425 homens e mulheres da Grã-Bretanha, incluindo artistas profissionais, poetas e pacientes esquizofrênicos, para verificar o potencial criativo, os encontros sexuais e a situação da saúde mental.

Embora os indivíduos criativos sejam há muito tempo vistos como pessoas de vida sexual bastante ativa, os pesquisadores acreditam que este novo estudo é o primeiro a olhar a questão de uma forma científica.

Eles descobriram que artistas e poetas tinham entre quatro e dez parceiros sexuais, enquanto as pessoas menos criativas tinham uma média de três.

- Verificamos isso tanto nos homens quanto nas mulheres, o que nos surpreendeu - afirmou Nettle, que publicou seu estudo na revista científica "The Proceedings of the Royal Society (B)."

O estudo também mostrou que o número médio de parceiros sexuais aumenta na mesma proporção do potencial criativo. Tudo o que os artistas produzem chamam a atenção para eles, o que parece aumentar seu poder de atração sexual.

- Pode ser que as personalidades mais criativas tenham um estilo de vida diferenciado e tendam a responder mais aos impulsos e oportunidades sexuais, apenas como uma experiência, o que acaba aumentando a média de parceiros - analisou Nettle.

A vida sexual agitada dos artistas é normalmente mais tolerada, inclusive por parceiros de muito tempo, que sabem que não podem esperar fidelidade, comentaram os pesquisadores.

Tanto Picasso quanto Byron e Thomas eram famosos por suas obras e por sua vida sexual e, segundo Nettle, "eles ilustram este fenômeno muito bem - muita fama, muitas mulheres".

30/11/2005 - 13h16m

'Molécula da paixão' mostra que o sentimento tem um ano de duração

Reuters

ROMA - O coração acelera, o estômago dá voltas e você se sente eufórico e um pouco ridículo. O quadro sugere que você está apaixonado, mas cientistas agora dizem que isso não vai durar mais de um ano.

As fortes emoções que nos lançam a novas paixões são motivadas por uma molécula conhecida como "fator de crescimento de nervo" (NGF), segundo pesquisadores da Universidade de Pavia, na Itália.

Os pesquisadores italianos acharam níveis muito mais altos de NGF no sangue de 58 pessoas que tinham acabado de se apaixonar do que no sangue de solteiros e de gente que estava casada há muito tempo.

Mas, após um ano com o mesmo parceiro, a quantidade da "molécula da paixão" no sangue das pessoas que estavam apaixonadas na primeira medição havia caído para a mesma quantidade verificada nos outros dois grupos.

Os autores do estudo, publicado na revista científica "Psychoneuroendocrinology", disseram que ainda não está claro o mecanismo que faz com que a quantidade de NGF aumente quando estamos apaixonados, mas afirmaram que estas moléculas certamente têm um papel importante no que chamamos de "química" entre recém-apaixonados.

Nelson Oliveira
Enviado por Nelson Oliveira em 30/11/2005
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