VANISHING POINT ou CORRIDA CONTRA O DESTINO

Primeiro, vamos combinar: “vanishing point” é ponto de fuga e apesar do filme ser uma perseguição só, ninguém, mas absolutamente ninguém ali corre “contra” o destino. Muito bem, existem dois filmes com este título, sendo o original lançado em 1971 e uma refilmagem absolutamente equivocada feita na década de 90 com Vigo Mortensen no papel principal. Deste falamos apenas o suficiente para você saber que existe e não nos acusar de omissão ou ignorância. O que interessa mesmo é o filme dirigido por Richard C. Sarafian e estrelado por Barry Newman no papel de Kowalski. Conseguiram fazer um filme que na época de seu lançamento não foi compreendido nem aceito, mas que anos depois se tornou um cult. Mistura elementos de Kerouac com os ícones libertários daquela que passou a ser conhecida como geração perdida. Perdida entre dois mundos, espremida por uma revolução cultural ainda não digerida. Alguns até identificam pontos convergentes entre este Vanishing point e easy rider apenas por ambos serem o que se convencionou chamar como road movie. Acredito que não é o caso. Todos os símbolos americanos dos anos setenta estão presentes, desde as costeletas avantajadas, passando pela violência policial e as medalhas da guerra do vietnã. Drogas e liberdade sexual também batem ponto, mas a essência do filme é a ótima música de sua trilha sonora combinada com paisagem desolada e o ronco de um impecável Dodge Challenger RT de 1970. O motivo de tanta correria, acredito eu, é o cerebro diluído do Kowalski cujas lembranças se misturam com a realidade alterada pelos rebites-bolinhas-speed-dope que ingere o tempo todo e todo o tempo. Mas isto também não vem ao caso, pois pouco ou nada importa o motivo da correria e sim a correria em si. Por apenas querer chegar em tempo recorde, acaba se envolvendo com a polícia de diversos Estados e é perseguido de maneira implacável. Nesta perseguição faz um amigo improvável, o DJ Super Soul (muito bem interpretado por Cleavon Little) e muitos inimigos. É o anti-herói por excelência. E, como anti-herói, não podia acabar bem. Mas isto já é contar o filme, né?! Assista você, ora bolas... ou vai deixar de ver a loura pelada andando de moto no deserto ou o pastor louvando Jesus com rock e cascavéis, só porquê eu contei o filme?

Ocirema Solrac
Enviado por Ocirema Solrac em 17/11/2009
Reeditado em 06/03/2010
Código do texto: T1928098
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