ELZA e FRED, UM AMOR DE PAIXÃO

ELZA e FRED, UM AMOR DE PAIXÃO, de Marcos Carnevale, Argentina / Espanha, 2005.

FLAVIO MPINTO

Excelente filme narrando o encontro de duas pessoas literalmente opostas em tudo, apenas se encontrando numa fase da vida onde a idade impõe certos procedimentos inadiáveis.

Alfredo Ponce Cabeza de Vaca, o Fred, 78, ( Manuel Alexandre), tendo enviuvado recentemente, é hipocondríaco e colocado para morar num apartamento juntamente com seu fiel amigo-Napoleão- um cãozinho Fox branco. No entanto, não tinha um deslize siquer na sua existência , e sua vida é excessivamente controlada pela filha- Cuca e o marido que lhe querem impor tudo, até negócios. Aliás, Cuca não deixava ninguém a sua volta sossegado, desde o cachorro até os encarregados da mudança. Como vizinha de porta tem Elza Oviedo( China Zorrilla), uma esfuziante senhora argentina que dizia ser mais moça do que ele, tería 77 anos, e que também vivia ás turras com os filhos no que tange ao comando de sua vida. Contrariamente á Alfredo, Elza impunha seu estilo de vida a seus filhos. Transformava sua vida em uma saborosa limonada entre sessões de hemodiálise e mentiras adequadas. Seu sonho era repetir a cena do filme La dolce vita, de Federico Fellini, com Anita Ekberg e Marcelo Mastroiani se banhando na Fontana di Trevi em Roma. Entre mentiras, sustentava o desejo de pintor de seu filho mais moço em ser reconhecido como tal.

A partir de se conhecerem após Elza ter abalroado o carro de Cuca, a vida dos dois se transforma, principalmente de Alfredo. Este vivia com sua aposentadoria da Telefônica e seus remédios e ela, ludibriando a realidade, na ânsia de viver o pouco tempo que lhe restava.

Alfredo começa a desvendar as tramóias de Elza e admirá-la cada vez mais pela sua coragem e vontade de viver. Por fim decide enfrentar a filha Cuca e realizar o sonho de Elza.

Depois da morte de Elza, ainda descobre mais um segredo: ela era mais velha que ele.

Interessante relacionamento de duas pessoas depois de terem feito tudo na vida: casamento, filhos, criação, netos e aposentadoria digna. Elza sabia que sua vida era curta naquele momento e Alfredo, acomodado entre os gritos da filha, os remédios e a paciência de Napoleão.

O diretor nos mostra que, a vida para quem se aposentou, criou, educou filhos, se estabeleceu e vive sossegado com o que amealhou , tem um ritmo diferente. Muito diferente daquele até que estava acostumado quando na ativa. Os sonhos não se perdem com o tempo, principalmente quando podem ser atingidos. E como.