A sorridente Madame Beudet

Sinopse: Uma entediada dona de casa provinciana presa a um casamento burguês começa a fantasiar uma vida fora da sua monótana existência.

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O início da Primeira Guerra Mundial modificou drasticamente o curso da história do cinema. Os Estados Unidos assume a posição definitiva (até os dias atuais) de maior fornecedor de filmes enquanto a Europa enfrenta uma grave crise cinematográfica.

É no desenrolar desse processo histórico que surge o estilo conhecido como impressionismo francês. A partir de então entre os inúmeros filmes surge a obra de Germaine Dulac: A sorridente Madame Beudet (La Souriante Madame Beudet).

Essa foi a obra impressionista de maior prestígio do cineasta, sendo um dos primeiros a abordar a questão da exploração do universo feminino. A trama retrata a entediante vida de Beudet, uma dona de casa presa a um sufocante e melancólico casamento.

A Sorridente Madame Beudet é composto por seqüências de sonhos em que a dona de casa fantasia uma vida fora da sua melancólica existência. Os seus devaneios são a única coisa capaz de colocar um sorriso em seu rosto. Porém, para sua tristeza, o seu marido aparece constantemente para assombrar os seus sonhos. A solução que Madame Beudet encontra é assassinar o seu marido.

Dulac não só aborda a luta feminina contra a opressão patriarcal como também utiliza os efeitos cinematográficos para dar uma visão subjetivista da personagem.

Enquanto os filmes expressionistas exploram o estado da alma relacionado principalmente com o cenário, o cinema impressionista caracteriza pela vontade de exprimir os sentimentos, através de um jogo de câmera móvel explorando ângulos trabalhados e subjetivados. O cinema deixa de ser mera fonte de entretenimento e passa a ser fonte de inspiração.

Dessa forma, Dulac faz o uso de uma variada gama de procedimentos como dissoluções, lentes distorcidas, duplas exposições e câmera lenta.

No mais, fica o convite para aqueles que querem aprofundar e admirar ainda mais a sétima arte, através dessa grande obra de tom intimista e experimental dos gloriosos tempos de cinéfila francesa.

França: 54 min,Mudo, P&B

Direção: Germaine Dulac

Roteiro: Denys Amiel, André Obey

Fotografia: Maurice Foster, Paul Parguel

Elenco: Alexandre Arquillière,Germaine Dermoz, Jean d`yd, Madeleine Guitty