A maldade dos adultos e a pureza das crianças

A MALDADE DOS ADULTOS E A PUREZA DAS CRIANÇAS
Miguel Carqueija


Resenha do filme “O menino do pijama listrado” (The boy in the striped pijamas). Com base no livro de John Boyne. Reino Unido, Miramax-Bac/Heyday Films, 2008. Produção executiva: Mark Herman e Christine Langan. Produção: David Heyman e Rosie Alison. Direção e roteiro: Mark Herman. Música: James Horner.

“A infância é formada por sons, aromas e visões, antes que o tempo obscuro da razão se expanda.”
(John Betjeman, citado na abertura)

“Ignore o fato de que o homem com quem eu casei é um monstro.”
(Elsa)


Não li ainda o livro famoso de que se originou este que é um belíssimo filme sobre o dolorosíssimo tema do nazismo e suas atrocidades. As cenas de guerra não são mostradas e sim o ponto de vista de uma família alemã onde o marido, Ralf (David Thewlis), é um oficial nazista de alta patente e sua esposa, Elsa (Vera Farmiga), uma extremada mãe e companheira. Também aparecem as crianças, Bruno e Gretel, e os avós.
É uma época confusa mas a aristocracia germânica, condicionada a não pensar, vive numa ilha da fantasia, sem tomar conhecimento das barbaridades praticadas pelo regime que apoiam. Ao que parece nem lhes passa pela cabeça que Hitler possa perder a guerra. E também olham com naturalidade a opressão aos judeus. As próprias crianças são condiconadas a desprezá-los.
Sem praticamente nada entender do que está acontecendo Bruno tem de seguir com a família para uma nova residência, longe do lar original e junto a um campo de concentração de judeus. Acidentalmente Bruno faz amizade com Shmuel, o menino hebraico que fica no campo, além do arame farpado, e usa um pijama listrado. A amizade entre ambos se torna profunda, protegida pela inocência.
Enquanto isso Elsa descobre afinal, graças a uma indiscrição do Sargento Kotler, o que siginifica de fato a fumaça que sai da chaminé: “Fedem ainda mais quando queimam.” Hitler chegara finalmente à “solução final” para o problema dos judeus: o forno crematório precedido da cãmara de gás.
Quando Elsa pede explicação ao marido ele alega ter jurado manter segredo, que ela devia ignorar tudo.
“Ignore o fato de que o homem com quem me casei é um monstro”, responde ela.
A Justiça Divina, porém, está para desfechar um duro golpe no duro coração do oficial nazista.
Um dos melhores filmes que eu já assisti.

Rio de Janeiro, 13 de fevereiro de 2018.

ELENCO:

Bruno............................................Asa Butterfield
Elsa................................................Vera Farmiga
Gretel............................................Amber Beattie
Avô................................................Richard Johnson
Avó................................................Sheila Hancock
Maria............................................Cara Horgan
Sargento Kotler............................Rupert Friend
Pavel............................................David Hayman
Professor Liszt............................. Jim Norton
Shmuel........................................ Jack Scanlon

Ralf..............................................David Thewlis