A PAIXÃO DE JOANA D'ARC (1928)

Eu Assisti a esse filme hoje pela manhã sem nenhuma expectativa além da de satisfazer a minha vontade de ver mais um exemplar do cinema mudo. Mas o que aconteceu foi que fiquei maravilhado com essa que é uma das maiores realizações da história do cinema. Dirigido pelo obsessivamente perfeccionista Carl Th. Dreyer e estrelado por Renée Jeanne Falconetti, A PAIXÃO DE JOANA DARC retrata o julgamento da hoje canonizada heroína francesa, bem como sua tortura, condenação e execução na fogueira pelos ingleses. A atuação de Falconetti, que interpreta Joana Darc, é tida como uma das melhores já vistas em um filme ( alguns consideram a melhor). Realmente o desempenho da atriz é soberbo; é tão convincente que você, em alguns momentos, pensa que todo aquele sofrimento que ela está expressando é verdadeiro, e o pior é que talvez você esteja certo em pensar assim. Era brutal o modo como o diretor Carl Dreyer lidava com os atores, exercendo sobre eles uma pressão psicológica intensa a fim de conseguir a performance que desejava, e com Jeanne Falconetti não foi diferente, e talvez tenha sido até pior. Dreyer a instalou em um sítio que só ele tinha acesso. Proibiu-a de sair de lá, a não ser para ir ao set de filmagem. A atriz gravava as cenas cercada por anteparos para que ninguém desviasse sua atenção. Carl Dreyer também a forçava a ajoelhar-se sobre pedras para poder captar, no rosto dela, a mais perfeita expressão de dor, além disso ele repetia exaustivamente a mesma cena várias e várias vezes até que ficasse exatamente como queria. Diante disso tudo, talvez não seja demais enxergar algo de verdadeiro no sofrimento da Joana D’arc de Falconetti. A atriz, após essa experiência, ficou tão traumatizada que não quis mais atuar em nenhum filme, continuando com sua profissão somente no teatro. Mas, deixando de lado as suas esquisitices, Carl Dreyer conseguiu realizar uma obra prima cinematográfica. A PAIXÃO DE JOANA D’ARC é feito quase que inteiramente de closes dos rostos dos atores, que por exigência do diretor, não usaram maquiagem. Dreyer procura, assim, captar as expressões faciais no que elas têm de mais verdadeiro e autêntico. Tanto os ângulos, utilizados por ele, como a fotografia, que foi um trabalho conjunto com o polonês Rudolph Coté, são muito audaciosos para a época. A PAIXÃO DE JOANA D’ARC é desses filmes que faz a gente ter cada vez mais paixão pelo cinema. Recomendadíssimo.

Bia Borges
Enviado por Bia Borges em 13/06/2018
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