E seu nome é Jonas (And your name is Jonah )

O filme “E seu nome é Jonas” é um drama, lançado nos Estados Unidos em 1979, dirigido por Richard Michaels. O filme retrata a realidade de uma criança chamada de Jonas que depois de passar três anos e quatro meses em um hospital para “retardados” - deficientes intelectuais - recebe o diagnóstico de surdez, e assim deixa a instituição hospitalar e passa a viver com a família em casa. Porém a família não possui muitas informações sobre o tema da surdez, então as barreiras na comunicação ficam claras, constituindo assim um grande obstáculo. A partir de então, a família começou a perceber que Jonas deveria ter um processo de aprendizado diferenciado, próprio para uma pessoa com surdez.

O filme se passa em uma época em que o tema da surdez ainda estava ganhando espaço, tanto na ciência como na sociedade, e claro, os familiares de Jonas sentiam na pele as dificuldades em identificar as demandas específicas para o Jonas. Nesse período a comunicação por sinais ainda era vista por alguns profissionais, inclusive educadores, como uma barreira que impedia o surdo a fazer leitura labial e a falar. A primeira escola que a mãe do Jonas buscou recomendou veementemente o não uso dos sinais.

Diante das dificuldades que a realidade colocava, Jonas foi o motivo de vários conflitos, o que levou o seu pai a sair de casa movido pela impaciência devido ao preconceito e pressão social, ainda que existisse uma tentativa em defender e lutar pelo filho. Com isso o desafio para a mãe foi ainda maior e mesmo demonstrando fragilidades não mediu esforços para buscar o melhor para o Jonas.

A mãe do Jonas estava incomodada em não ver resultados com o método utilizado na escola em que o Jonas estudava. Tal método chamado de oralismo, consistia em ensinar as crianças a falar, ler lábios para que pudessem se comunicar como ouvintes e deixar a “condição de surdas”. Claro, o método era falho para a maioria dos alunos, inclusive para o Jonas, pois nem todos aprendiam os fonemas e a leitura labial. Pode-se dizer que o oralismo não se orienta nas demandas reais dos surdos.

Em um dos espaços em que Jonas era atendido, sua mãe conhece uma família de surdos que se comunicava usando os sinais, no primeiro momento não interage com eles, mas em outro momento toma a iniciativa de tentar se comunicar e descobre o “clube de surdos”, um espaço onde alguns surdos se socializam e se comunicam usando o que foi chamado de “linguagem de sinais”, hoje entendida como “língua de sinais”. Nesse ambiente a mãe de Jonas fez novos amigos e teve contato direto com a língua de sinais, e claro, ela buscou saber mais sobre a língua.

A partir de então o Jonas juntamente com sua família, irmão, mãe e avó e talvez outros, começaram a aprender a língua de sinais. Jonas deixou a instituição que trabalhava com o oralismo e ingressou em uma escola que utilizava a língua de sinais. Percebe-se então uma tranquilidade por parte da família e o desaparecimento de atitudes agressivas por parte do Jonas por não ser compreendido. É importante que nesse contexto, alguns significados como morte passam a ser compreendidos por Jonas, que até então ele não sabia.

O filme nos mostra as dificuldades reais que enfrentaram algumas pessoas surdas algumas décadas atrás, especialmente as crianças. Há que se reconhecer que embora tenhamos avançado muito, algumas das dificuldades ainda persistem, principalmente no que diz respeito ao desconhecimento das pessoas sobre o tema, o que acarreta em preconceito e exclusão. A inclusão continua sendo um grande desafio e aliado a isso o nosso grande problema, a desigualdade social que torna a vida das crianças pobres e surdas ou com outras deficiências ainda mais difíceis.

O filme é indicado a todos, pois a questão da deficiência e da inclusão é uma questão social de responsabilidade de todos. Indica-se o filme especialmente aos professores, educadores e gestores educacionais para levantar e/ou avançar no debate sobre a inclusão, sobre a deficiência auditiva e a surdez.