RED GARDEN episódio 22: o impressionante desfecho

RED GARDEN episódio 22: o impressionante desfecho
Miguel Carqueija

“Condenadas a não morrer.” A não ser por morte violenta.
O dia decisivo chegou para Kate, Rachel, Rose e Claire, as quatro garotas mortas-vivas. Elas se dirigem ao misterioso Colégio Graceland, em Roosevelt Island, Nova Iorque. Lá, ao lado da diretora e suas auxiliares, irão lutar contra o clã Doral, no confronto final. Elas sabem que ou morrerão dessa vez, ou vencerão e nesse caso, já não irão morrer de velhice. Após disfarçadamente se despedirem de seus entes queridos, elas partem para enfrentar o destino. Kate sempre teve uma nobreza natural, agora está majestosa. Rose sempre foi sensível e sentimental mas deixou de ser fraca e chorosa, está tão decidida como as outras. Rachel e Claire tinham seus defeitos de caráter. Mas o sofrimento acrisolou-as, amadureceu-as e tornou as quatro, que antes eram colegas de colégio sem afinidades, em amigas inseparáveis. Unidas pela tragédia e pela dor.
“Red garden” ou “Reddo gaden” (O jardim vermelho) chega ao seu clímax. O clímax de uma das melhores séries de terror da televisão, um terror insólito onde, ao contrário da maioria dos exemplares do gênero, as protagonistas lutam conscientemente...


Resenha do episódio 22 – “Luz” – do seriado japonês de animação “Red garden” (Jardim vermelho). Estúdio Gonzo, Japão, 2006-2007. Produção: Jin Ho Chung. Direção: Kou Matsua. Adaptação do mangá de Kirihito Ayamura.

Elenco de dublagem:

Kate Ahsley.....................................Akira Tomisaka
Claire Forrest..................................Myiuki Sawashiro
Rachel Benning...............................Ryouko Shintani
Rose Sheedy...................................Ayumi Tsuji
Lise Harriette Meyer.......................Misato Fukuen
Lula Ferhlan.....................................Rie Tanaka
Hervé Dolore...................................Takehito Koyasu


“Aquele homem desprezível...”
(Kate Ahsley, referindo-se a Hervé)

“Mesmo que sejam vidas e corpos emprestados, ainda estamos vivas!”
(Kate Ashley)

“É verdade que não trouxemos nada e talvez não deixemos nada! Mas mesmo assim queremos viver!”
(Rachel Benning)

“Sabe que eu cheguei a pensar que você era bom?”
(Kate Ahsley para Hervé)

“Os monstros não somos nós nem essa menina. É você.”
(Kate Ashley para Hervé)


A ponte que ligava Roosevelt Island ao continente, à cidade de Nova Iorque, é explodida e o fato marca o início da invasão de Graceland pela milícia de Hervé, os homens que restaram do Clã Doral (ou Dolore em outra tradução) e que invadem o colégio em busca de um dos livros mágicos para juntar com o outro que no momento está com Hervé. A polícia não consegue chegar ao local, embora seja estranho que não recorram a barcos ou helicópteros (há uma série de detalhes não devidamente explicados, mormente neste episódio final). Mas a luta começa, mulheres contra homens, mas todos os envolvidos portam poderes especiais, podendo dar grandes saltos e golpes vigorosos. Os Dolore, mesmo de paletó e gravata, avançam de quatro aos pulos, como lobos. Na entrada da escola as quatro amigas lutam com diversos adversários e se revelam grandes lutadoras, já sem necessidade de usarem os bastões das lutas anteriores.
Detalhe curioso é que as Animus que vão morrendo sequer deixam cadáveres, transformam-se em cinzas. As mortes vão se sucedendo em ambos os lados, mas o episódio mais crítico é quando Kate e as demais esbarram com Hervé. O mais poderoso dos adversários, e que traz nos braços sua irmã Anna, já nos limites de resistência à doença — na verdade, maldição — que atinge a família. Hervé ainda quer salvá-la juntando os dois livros. Mas perde tempo enfrentando as quatro garotas, repelindo três delas com facilidade e quase matando Kate, que tenta enfrentá-lo sem êxito. O aparecimento de Lula salva a vida de Kate. A cena é bem forte, pois Lula atravessa com a mão o corpo de Hervé mas não consegue matá-lo e ele lhe faz a mesma coisa. Lula não resiste e cai moribunda. Desistindo de matar as demais, por causa de sua irmã, Hervé pega de novo Anna nos braços e penetra no colégio, à procura do outro livro. É pungente a morte de Lula, que liderava o grupo e tinha trazido as quatro garotas para o drama.


“Eu te odiava. Mas se você morrer, terei de te perdoar.”
(Kate Ahsley)


O “jardim vermelho” torna-se mais vermelho do que nunca. Nisso tudo o quarteto ainda tem a felicidade de reencontrar Lise, a colega desaparecida, assassinada e tornada antes delas uma zumbi, mas Lise, embora as recorde, não sabe o que aconteceu ou o que está acontecendo. A morte de Hervé não causará pena, penso, à maior parte dos espectadores. No fim, quase todos os personagens morreram, inclusive as garotas paralisadas ocultas nas entranhas do colégio, as mais antigas vítimas da maldição. Lise também não sobreviverá. Mas Kate e suas amigas querem viver, e não se desfazem em pó. A partir de agora, elas estão condenadas à vida...
O final de “Red garden” deixa inúmeras incógnitas no ar. O desaparecimento do colégio e suas integrantes, a situação de Kate, Rose, Rachel e Claire... elas agora são heroínas, mas heroínas imortais, que não podem por isso mesmo conviver com uma sociedade humana que não tolera coisas extraordinárias.
O que será o seu futuro? Uma resposta foi dada num especial de tv (OVA, como chamam esses especiais japoneses) que trata do destino posterior de Kate, Rose, Claire e Rachel. Um filme chamado “Dead girls” (Garotas mortas).

Rio de Janeiro, 24 de setembro de 2018.