Convenção de monstros

CONVENÇÃO DE MONSTROS
Miguel Carqueija

Resenha da animação de longa-metragem “A festa do monstro maluco”. Título original: “Mad monster party”, (“A festa dos monstros da Mad”, ou seja, a revista de humor “Mad”; alguns de seus colaboradores trabalharam nesta obra). London Films, EUA, 1966. Produção executiva: Joseph E. Levine. Produção: Arthur Rankin, Jr. e Jules Bass. Direção: Jules Bass. Roteiro: Lem Korobkin e Harvey Kurtzman. Argumento: Arthur Rankin, jr. Música: Maury Laws. Fotografia: Tadmochinaga. Animação pelo sistema Animagic. Personagens desenhados pelo cartunista Jack Davis.

Animação pelo sistema “Animagic”, ou seja, não com desenhos mas com bonecos (portanto não é desenho animado), “A festa do monstro maluco” é uma sátira escrachada dos filmes de terror, apresentando alguns de seus personagens mais célebres: Drácula, Frankenstein, o Monstro, a Noiva do Monstro, o “Médico e Monstro” (Dr. Jekyll e Mr. Hyde), a Criatura, o Lobisomem, a Múmia, o Homem Invisível, o Corcunda de Notre Dame e a Coisa, sendo que a verdadeira identidade desta última é uma surpresa reservada para o final.
Este “tour de force” dos produtores Joseph E. Levine, Arthur Rankin Jr. (autor do argumento) e Jules Bass (que acumula a direção) permanece, após mais de 50 anos, como um caso bem singular na história do cinema. Não me lembro de nada parecido.
A presença ingênua e inocente do jovem míope Felix Flankin na Ilha do Mal provoca o desequilíbrio nas relações aparentemente amigáveis dos monstros. Não se sabe porque razão o Barão Boris Frankenstein (no livro de Mary Shelley é Victor, aqui virou Boris por ser dublado pelo veterano astro do terror Boris Karloff, de quem o boneco imita as feições) resolveu confiar sua última descoberta — a fórmula de destruição da matéria — e seus outros segredos ao sobrinho, que morava longe e não fazia ideia das atividades do tio. O pior é que o Barão pretende ainda que o rapaz passe a controlar os monstros. O ciúme e a resistência seriam inevitáveis. Até a secretária de Boris, Francesca, conspira. Quem se mostra mais fiel a Frankenstein é Yetch, o zumbi.
A “Coisa” — cujo nome não é revelado para não estragar a surpresa — não é convidada porque, em outra convenção, criara problemas. Mas ela acaba sabendo e irrompe na ilha para se vingar.
Uma obra realmente engraçada, divertida e com a bizarrice dos filmes de horror de Roger Corman. Aliás até a planta canibal Audrey, ou alguma da mesma espécie (lembram de “A pequena loja dos horrores”?) aparece, sendo alimentada pelo Dr. Frankenstein.
A animação também tem seu lado musical com destaque para a canção “It’s a mummy” (Esta é a Múmia) apresentada pela banda de esqueletos.

Elenco de dublagem:

Dr. Frankenstein.........................Boris Karloff
Drácula........................................Allen Swift
Dr. Jekyll......................................Allen Swify
Mr. Hyde......................................Allen Swift
Francesca.....................................Gale Garnett
Monstro.......................................Phyllis Dyller
Yetch............................................Allen Swift
Felix Flanken................................Allen Swift
O Homem Invisível.......................Allen Swift
Noiva do Monstro........................Phyllis Dyller

NOTAS: Alguns personagens (como a Criatura) não falam por isso não são dublados. A animação é a cores e dura 94 minutos. Apesar desta produção ser dada (conforme pesquisa) como norte-americana, a London é empresa inglesa, fundada por Alexander Korda na década de 1930. Portanto deve ter havido co-produção.

Rio de Janeiro, 29 de novembro de 2018.