AVENGER episódio 6: cidade desolada

AVENGER episódio 6: cidade desolada
Miguel Carqueija

Uma das mais melancólicas e desesperantes séries japonesas de animação, “Avenger” prossegue em sua aflitiva trama, com a infindável jornada de Layla Ashley, acompanhada pela extraordinária boneca Nei e pelo fiel Mestre Speedy. Onde eles chegam são perseguidos, inclusive pelas bonecas negras, programadas para caçar bonecas tidas como sem registro. Numa espécie de cidade fantasma, com poucos habitantes e escassez de comida, Speedy chega a ser espancado por um grupo de habitantes locais, interessados em obter dinheiro. São estranhas essas cidades marcianas com passagem estreitas e sem ar livre, verdadeiras cidades-cavernas, amedrontadoras, claustrofóbicas. Isso e a ausência de transportes e a onipresença da misteriosa lua vermelha, que não se sabe de onde veio e que paira no céu a pouca distância de Marte. Layla, porém, com sua economia de palavras, parece determinada a chegar ao seu objetivo final: Volg...


Resenha do episódio 6 (“Reflexo”) do seriado japonês de animação “Avenger” (Vingadora). Estúdio Beetrain/Xebec, 2003. Produção: Shinichi Ikeda, Kôji Morimoto e Tetsurõ Satomi. Direção: Koichi Mashimo. Música de Ali Project.
Elenco de dublagem:
Layla Ashley..................................Megumi Toyoguchi
Volk...............................................Hiroshi Yanika
Westa............................................Sumi Shimamoto
Nei.................................................Mika Kanai
Speedy...........................................Shinichito Yanaka
Garcia............................................Katsuyuki Konichi


“Então ela é a criança destinada...”
(Volg)

“Espere, Layla. Você já deveria saber. Ainda que você destrua todos eles, os amigos deles virão atrás de você em um segundo. Você perderá em número. Se isso acontecer, quem irá proteger Nei?”
(Mestre Speedy)

“Uma semente plantada brotou. Está gradualmente crescendo forte. Tão forte que ela até cresce violenta.”
(Westa)


A perseguição contra Layla e Nei parece não ter fim, e percebe-se que Speedy só é perseguido porque as acompanha. É bem lento o erguer dos véus de mistérios que acompanham esta tenebrosa história, e que se concentram na depressiva heroína Layla e na inocente criança (tida como boneca ou robota) Nei, mas já é dada uma dica neste episódio que Nei é de fato uma menina real, não uma “doll”. Isso apesar de haver nela um mecanismo. É algo maternal o sentimento de Layla por Nei, manifestado sem palavras, esta dedicação é o grande mote do seriado. Nei é extremamente agradecida e leal a Layla e Speedy. Os dois correm perigo por Nei, neste mundo rebarbativo e paradoxal de um Marte do futuro, colonizado pela Terra e mesmo assim estranhamente primitivo. Agora, em mais uma cidade miserável por onde passam, um velhote primeiro engana o trio, depois, talvez por remorso, os ajuda, fornecendo-lhes comida. Enquanto isso o assustador tirano de Marte, Volg, com sua calma sinistra e seu rosto sempre velado pelo elmo, continua obstinado em capturar Layla e Nei.
Música impactante, cenários lúgubres (inclusive pela presença da enervante lua vermelha) e personagens de cara fechada e que falam pouco acompanham o desenrolar desta saga aliciante.

Rio de Janeiro, 3 e 4 de março de 2019.