A casa dos maus efeitos

A CASA DOS MAUS EFEITOS
Miguel Carqueija

Resenha do filme “A casa dos maus espíritos” (House on the haunted hill/A casa na colina assombrada). Allied Artists, London Films, William Castle Productions, EUA, 1959. Produção e direção: William Castle. Roteiro: Robby White. Música: Von Dexter, Richard kayne. Preto-e-branco, 75 minutos.



Exemplo típico de “terrir”. Não tem a característica de comédia, mas faz rir em vez de assustar. Apresenta um monte de clichês do horror: tanque de ácido, assombrações, esqueleto que anda e fala, além da situação clássica de um grupo de pessoas heterogêneas presas ou isoladas num local de onde não é possível fugir e nem pedir socorro.
Vincent Price está ótimo no papel de Frederick Loren, o excêntrico milionário que, num jogo de gato e rato com sua esposa Annabelle (Carol Ohmart) reúne na sinistra mansão que alugou um grupo de pessoas desafiadas a passar a noite no local, em troca de dez mil dólares para cada uma — se chegarem vivas à manhã.
Talvez o personagem mais interessante seja o assustado (e de certa forma conformado) proprietário da mansão, Watson Pritchard (Elisha Cook Jr.), que conta de forma sinistra sobre as sete pessoas que lá morreram tragicamente e cujos fantasmas lá estariam para pegar outras vítimas. Seus olhos arregalados dão uma excelente máscara de sujeito apavorado.
Outros personagens pesam menos na história sendo que Nora Manning (Carolyn Craig) vale pelo tremendo susto que leva, numa das muitas cenas absurdas. Aliás a película abusa de cenas absurdas, pontas soltas, coisas sem pé nem cabeça e truques paupérrimos. E como William Castle não é um Roger Corman, não consegue tirar qualidade dessa pobreza. Mesmo assim este é um filme que de tão ruim, chega a ser bom. Vale a pena assistir.

Rio de Janeiro, 27 de fevereiro de 2019.