A RAZÃO DE TERMOS DOIS OUVIDOS

Muitos analisaram o Coringa com temor, achando que o filme poderia ser um insentivo ao crime, dando justificativa àqueles que se sentem excluídos. Contudo, existe uma análise otimista a ser feita. Até um maluco lunático teve compaixão ao ÚNICO que lhe ajudou. O Coringa não matou seu amigo, Garry (anão) que, assim como o protagonista, sofria limitações. Cena retratada quando Gary não consegue abrir a porta em razão de sua baixa estatura. De forma muito sutil, o filme nos mostrou que sempre há uma escolha e, ainda, que se houvessem mais pessoas como o Garry, o Coringa poderia ter continuado a ser apenas o Arthur Fleck. O Coringa representa a morte de Arthur Fleck, uma vez que o protagonista se identificava bem mais com àquela figura dos jornais. Arthur Fleck nunca teve fala, já o coringa aparecia nos noticiários. "O problema de ter uma doença mental é que as pessoas querem que você se porte como se não a tivesse". Ao não ter a quem relatar todas suas angústias, Arthur era obrigado a viver uma vida normal, mesmo a vida não sendo normal para ele. Em um mundo onde se vende a perfeição, não existe lugar para o imperfeito. Assim, as pessoas tendem a ouvir somente o que querem, não se importando com o mundo a sua volta, todos buscam seu lugar ao sol e esquecem que o sol é para todos. Dessa forma nos fechamos ao mundo e negligenciamos pessoas que, muitas vezes, só querem ser ouvidas. E o melhor em ouvir, é que normalmente se aprende mais ouvindo do que falando. Ao falar, você limita ao que sabe, ao ouvir, não. Somente ouvindo que aprendemos o que não sabemos. Então, seremos um pouco menos ansiosos ao falar e atentos ao ouvir. As vezes a resposta está na própria pergunta.

Marco Parede Vicentini
Enviado por Marco Parede Vicentini em 14/10/2019
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