OS ONZE OLHOS, OVA – o especial esdrúxulo

OS ONZE OLHOS, OVA – o especial esdrúxulo
Miguel Carqueija

A meu ver este OVA (costumam ser assim chamados os especiais de tv referentes a seriados japoneses de animação) da mini-série em 12 episódios “11 Eyes” (Onze olhos), que ficou sendo uma espécie de 13º episódio, não deveria ter sido produzido. Isso porque a trama é apenas cômica e gratuita, nada acrescenta à história e corre mesmo o risco de depreciá-la, por causa da derrapagem pornô, ainda que tenha sido feita não como pornografia verdadeira mas como gozação à pornografia. O fato é que os mesmos heróis, em número de sete, da série, reunem-se novamente para uma nova peripécia, mas sem trazer de volta os perigos originais. Em vez do mundo da lua vermelha vão parar num mundo de lua rosa, onde tudo acaba tendo um viés de erotismo mas mostrado como comédia. Li, certa vez, que o que parece pornografia em certos mangás e animês (exceto é claro o gênero hentai, que é pornô mesmo) não é mais do que humor, sequer aliás o humor grosso do tv brasileira, conseguem fazer a coisa com arte e sutileza, geralmente mostrando personagens inocentes em situações embaraçosas. Mas o total desfoque deste OVA me parece puro desperdício, o ideal teria sido um especial feito com seriedade.


Resenha do capítulo 13, especial (OVA) do seriado de animação “Eleven eyes” (onze olhos) – Estúdio Dogakobo, Japão, 2009. Direção: Masami Shimoda. Roteiro: Kenichi Kanemaki. Título original japonês: “Tsumi to batsu to aganai no shôjo” (“Pecado, danação e expiação da garota”). Baseado em jogo eletrônico desenvolvido por Lass em 2008.


Elenco de dublagem:
Kakeru Satsuki...............................Daisuke Ono
Yuka Minase..................................Mai Goto
Kaori Natsuki.................................Kaori Mizuhashi
Tadashi Teruya..............................Kouta Nemoto
Shiori Momono..............................Emiko Hagiwara
Kukuri Tachibana...........................Noriko Tachibana
Kusakabe Misuzu...........................Yuu Asakawa
Yukiko Hirohara..............................Oma Ichimura
Takahisa Tajima..............................Showtaro Morikubo
Avaritia...........................................Ueda Youji
Lisette Weltall.................................Niina Ayano
Kusakabe Misao..............................Hyowei
Akamine Saiko.................................Takahashi Chiaki


“É nojento demais.”
(Kusakabe Misuzu)


Resumindo, os dois namorados Kakeru e Yuka são novamente arrebatados para um mundo estranho, rosa em vez de avermelhado; os “Cavaleiros Negros” que eram os inimigos durante a série aparecem mas do tamanho de brinquedos e inofensivos. Os outros personagens surgem, até em contradição com o final da série, onde Takahisa por exemplo nem se lembrava dos acontecimentos. Seus poderes porém acham-se distorcidos. Quando Kusakabe desembainha a sua espada descobre que ela se transformou num vibrador (sic). Segue-se o embaraço de Kakeru, quando lhe explicam de forma censurada (no áudio e na legenda) para que aquilo servia, coisa que ele ignorava.
Kakeru representa o rapaz puro e tímido, tipo que aparece em muitos animês, incapaz de pensamentos maldosos e que se incomoda com qualquer avanço sobre a moral. Já Kusakabe, é a garota séria que impõe uma postura austera e que não aceita coisas pouco dignas. Os demais personagens derivam dessas posições até a leviandade de Takahisa e a meio pervertida Yukiko que, desinibida naquele mundo erótico, vai tomar liberdades com Yuka e Kusakabe a põe para dormir com um golpe de caratê na nuca.
Mas ainda que o traço do desenho seja tão apurado como no resto da série, e alguns lances sejam até engraçados, o fato é que a gratuidade deste episódio é gritante, e não faz falta alguma a quem queira conhecer a série. Parece mais uma brincadeira de mau gosto que os produtores quiseram fazer com os personagens depois que a mini-série acabou. Segundo a wikipedia, é apenas uma paródia sem relação com os acontecimentos da série.

Rio de Janeiro, 2 de janeiro de 2020.