RESENHA CRÍTICA DO DOCUMENTÁRIO ERA VARGAS: O CREPÚSCULO DE UM ÍDOLO

O documentário Era Vargas: Crepúsculo de um ídolo, produzido pela produtora Brasil Paralelo e com intervenções narrativas de Olavo de Carvalho, Luiz Felipe Pondé, Bruno Garschagen, Rodrigo Gurgel, Bolívar Lamounier e Alexandre Borges, que começam abordando sobre a época da monarquia e como essa forma de governo afetou aspectos cultuais, econômicos e ajudou a moldar a ”nova” face da política brasileira. Após a destituição do Imperador, o país passa a começar a ter uma identidade cultural nacional e símbolos genuinamente nacionais começam a surgir, nomes de intelectuais que viveram nessa época da monarquia são esquecidos, como Machado de Assis.

Getúlio Vargas, não satisfeito com o modelo oligárquico cafeeiro paulista e mineiro, que compunham a alternância de poder na presidência da república, dá um golpe de estado e se torna presidente, após a eleição legítima de Júlio Prestes, em 15 de novembro de 1930. Assume o poder, destitui governadores estaduais e prefeitos, que são nomeados por Vargas conforme seu alinhamento ideológico. Era o fim da república velha e das oligarquias estaduais. Em 03 de maio de 1933 são realizadas eleições que deram as bases da assembleia constituinte, que dão bases de sustentação ao início de sua ditadura, seu governo foi dividido em três momentos: Governo Provisório -1930-1934; Governo Constitucional – 1934-1937 e Estado Novo – 1937-1945.

“Revolucionou” algumas áreas sociais, como a criação da CLT, dos direitos trabalhistas, moradia, proporcionou politicas de educação pública para mais gente, mas era apenas mais uma estratégia para se manter no poder. Foi extremamente populista, com carisma enorme, retórica que nenhum outro líder conseguiu imitar, Vargas assume uma postura disfarçada, escondendo o ditador que ele era. Considerado por muitos como um fascista, Vargas teve um governo de altos e baixos, marcados principalmente por sua relação com a imprensa.

Inspirado deliberadamente no modelo nazista hitleriano, Vargas se utilizou do rádio como principal meio de difusão da propaganda governista. Estatizou o rádio e criou A Voz do Brasil, como meio de instrumentalizar o meio de comunicação e disseminar suas ideias para garantir sua permanência no poder. Criou também o Departamento da Imprensa e Propaganda (DIP). A partir da ameaça comunista, Vargas mobiliza a população com a rádio, dá mais um golpe de estado mudando a constituição e iniciando o Estado Novo. Foram anos à fio de ditadura violenta, em que os militares perseguiam quem não compartilhassem de seus valores. Proibiu bandeiras estaduais e o ensino de outras línguas e cravou a alcunha de “pai dos pobres” através da propaganda pessoal em larga escala, que agora acontecia também na imprensa escrita, financiada por ele mesmo. Tirou dinheiro público para a criação de um jornal de situação (assessoria) para ir contra o jornal de oposição de Carlos Lacerda, o Tribuna da Imprensa em 1949, agora com ideais anticomunistas, mas de oposição a Era Vargas.

Vargas deu um caminhão de dinheiro público para o repórter Samuel Wainer e cria a Última Hora, jornal governista que defende com unhas e dentes o presidente. Lacerda consegue pedir uma CPI para investigar o então presidente, descobre que Wainer não era brasileiro e cria uma crise no jornal governista, o que causa uma rivalidade extrema entre a imprensa. Um atentado contra Lacerda, que atinge fatalmente um segurança que fazia escolta dele, levanta a hipótese de envolvimento de Wainer e também do presidente Vargas, na qual tal crise culminou no suicídio de Vargas em seu gabinete em Brasília, tendo em vista seu orgulho era tão grande que ele preferia a morte do que a renúncia.

Para finalizar, apresentamos algumas críticas ao documentário, como a visão claramente ideológica de todos os comentaristas, assumidamente de direita (Olavo de Carvalho, um dos guris do atual governo e conspirador, disseminador da terraplanismo) e reforçando mentiras acerca da esquerda, como em trechos que deixam claro que o nazismo, movimento de extermínio e perseguição de minorias, como sendo de esquerda, atualmente repetido por as redes sociais. Reforçam que movimentos populistas são contrários à democracia, direitos trabalhistas foram algo ruim. Enfim, há pontos muito negativos e indefensáveis, apesar de apresentar de apresentar fatos desconhecidos e uma visão diversa do tema.

REFERÊNCIAS

https://www.youtube.com/watch?v=FRzjxqqZgr4

Patrick Sousa
Enviado por Patrick Sousa em 12/01/2020
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