Resenha impressionista paa "Black Mirror: Arkangel"

Assisti ao episódio "Arkangel" da série "Black Mirror", indicado na aula de 10/09/2020. Creio que permite uma reflexão importante sobre privacidade, tanto das crianças, quanto de todas as pessoas.

Com a racionalização de uma justificativa de segurança (na verdade, por uma motivação irracional de medo), a mãe da criança a submete a um sistema de vigilância, e acaba tendo acesso a informações privadas da vida da criança, e depois da adolescente, claramente desrespeitando sua privacidade.

Percebe-se que foi completamente violado o direito ao respeito, elencado no art.17 do ECA: "Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais."

Também se percebe que foi desrespeitada o princípio elencado no ECA art.100, V: "V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada;".

Informações sobre a saúde física, os níveis de stress da criança, foram divulgadas para o sistema, e para a mãe, que o controlava. Além disso, a utilização do controle, por meio de um "filtro" de situações de stress, retirou completamente a autonomia da criança, violando sua integridade psíquica e seu desenvolvimento moral. A criança ficou privada de experiências de aprendizado importantes para seu amadurecimento. Lamentável.

O episódio evidencia as consequências catastróficas que podem advir dessa tentativa de vigilância, ainda que tenha como motivação a "proteção" (referência ao título da obra: Arkangel, anjo da guarda), quando isso se distorce em um abuso de controle, violação de privacidade, intromissão na intimidade, e desrespeito à reserva da vida privada da criança. Lamentável.

Pode-se estender a reflexão à realidade dos dias atuais, em que, voluntariamente (como a mãe da criança no episódio), oferecemos dados e informações de nossas próprias vidas (fotos, localização, documentos, dados de saúde, trajetos...) a sistemas como Google, Facebook, etc.