O épico "El Cid"

O ÉPICO “EL CID”
Miguel Carqueija

Resenha do filme “El Cid” (EUA, 1961). Produção: Samuel Bronston. Direção: Anthony Mann. Roteiro: Ben Baymann, Fredric M. Frank e Philip Yordan. Trilha sonora: Miklos Rozsa. Com Charlton Heston, Sophia Loren, Raf Vallone, Genevieve Page, Hurd Hatfield, Gary Raymond, Massimo Serato e Herbert Lom. Colorido, 197 minutos. Observação: embora conste como filme norte-americano, naquela época os estúdios de Samuel Bronston ficavam na Espanha — até a sua rumorosa falência.

Não considerando as liberdades tomadas com a História o fato é que eu não consegui gostar do personagem interpretado por Charlton Heston, já que me parece indesculpável a maneira como Rodrigo matou o pai de sua noiva, Chimene. Todo o entrecho inicial é ilógico e mal explicado, não se entendendo porque Rodrigo (El Cid) é acusado perante o rei de traição, não é chamado para se explicar enquanto seu pai recebe um insulto, duela com o pai da noiva e o mata e não é levado a julgamento.
Assim como hoje em dia filmes de ficção científica costumam se amparar em efeitos especiais, os épicos se amparavam no cenário e nos incontáveis figurantes. Isto porém não basta para dar suporte a uma obra. Sem humor, com muita violência e um drama pessoal que não convence, “El Cid” acaba sendo um espetáculo pretensioso, por demais demorado, mal dirigido por Anthony Mann, e com uma Sophia Loren que não parece muito à vontade no ambíguo papel de Chimene.
A trama porém fala de um herói nacional da Espanha que realmente existiu e sua luta contra o invasor islamita vindo do norte da África. O detalhe de que El Cid, já morto em consequência de uma flechada, foi condizido em seu cavalo e esse fato, dada a sua fama, espantou os inimigos, é considerado uma lenda histórica já que El Cid só teria morrido anos depois e de causas naturais.

Rio de Janeiro, 10 de julho de 2017.