Uma Hora da Madrugada (One A. M. - 1916) - de Charles Chaplin

Após uma carraspana homérica - presume-se, dado o estado de embriaguez do herói da comédia -, Charles Chaplin, pra lá de Bagdá, está num táxi daqueles bem antigos. Que seja antigo o táxi não surpreende, afinal é o filme do ano de 1916. Quer o ébrio retirar-se do veículo. Mas há jeito!? O carro não quer que de si saia seu passageiro. Talvez tal pensamento tenha preenchido a cabeça de Chaplin durante o seu embate com o monstro de metal, que o havia devorado. Depois de umas atrapalhadas bem divertidas, engraçadas, que me arrancaram boas gargalhadas, livra-se o herói do seu inimigo, que não desejava deixá-lo sair de suas entranhas, e encaminha-se à sua residência. Para adentrar-lhe os domínios de nada adiantaria ele ditar "Abra-te, sésamo!", em alto e bom som, embora estivesse, pra lá de Bagdá, em terras de Ali Babá; precisava de uma chave parar abrir-lhe a porta. Encontrou-a após superar alguns percalços - intransponíveis, dir-se-ia. E dentro da sua casa, passeou de tapetes, que não eram voadores, enfrentou dois felinos ferozes, divertiu-se com uma peralta mesa giratória, exibiu a sua destreza de alpinista, encarou um urso, foi atacado por um relógio, e entrou, finalmente, no quarto, para uma boa noite de sono. Mas a cama não se dispunha a acolhê-lo aos seus braços, tão ébrio ele estava que poderia ser expulso de sua casa e por ela mesma. Enfim, ao fim da sua longa e acidentada jornada, encontrou o herói o repouso tão acalentado.

Nos vinte e poucos minutos deste antigo filme, de mais de um século, assistindo-o, de tanto rir fica-se com dor de barriga e chora-se.

Ilustre Desconhecido
Enviado por Ilustre Desconhecido em 03/11/2021
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