A DEUSA NEGRA episódio 20: dramática reviravolta

A DEUSA NEGRA episódio 20: dramática reviravolta

Miguel Carqueija

 

Este capítulo reserva grandes surpresas para os espectadores ao esclarecer melhor a fábula dos “mototsumitamas” e da maldição Doppelganger, além de revelar as secretas motivações de Reishin e, principalmente, esclarecer em definitivo o título da série, ou seja, “Kurokami” (deusa negra): aqui, é claro, entram crenças e folclores do Extremo Oriente, que incluem a reencarnação e os fatores mágicos e mitológicos.

Finalmente ficamos sabendo que a Princesa Kuro, vivendo feliz na Terra Sagrada, com a mãe (uma “miko”, isto é, sacerdotisa de linha xintoísta) e o irmão (Reishin), tivera identificada em seu corpo uma marca que a relacionava com Masagami, o ser que, num distante passado, fôra selado porém lançara ao mundo a maldição Doppelganger, ou dos sósias. Na realidade não seriam duplos mas triplos: três pessoas iguais das quais uma devia sobreviver.

Kuro (=negra) seria a nova encarnação de uma das três entidades “masagamis” do passado, entidades malignas. Assim, ao saber desse fato por Namme, a historiadora, ela sente-se culpada. Kuro seria portanto uma “deusa negra” ou seja das trevas. Mas quem acompanhou a série até este ponto sabe que Kuro é bondosa, portanto há que esperar novos fatores nos capítulos seguintes e finais, pois o seriado tem 24 episódios.


Resenha do capítulo 20 do seriado japonês de animação "Kurokami" (A deusa negra), "Divindade". Estúdio Sunrise, Japão, 2009. Direção: Tsuneo Kabayashi. Roteiro: Reiko Yoshida. Música: Tomohisa Ishikawa. Com base no mangá sul-coreano de Lim Dall Young (história) e Park Sung Alô (arte). Editora Square Enix, revista Young Gangan, em 19 volumes.

 

Elenco de dublagem:

Kuro...,,.......................................Noriko Shitaya

Keita Ibuki..................................Daisuke Namikawa

Akane Sano................................Sayaka Ohara

Punipuni.....................................Yumi Touma

Excel....,.....................................Yukari Tamura

Yakumo......................................Hirofumi Nojima

Reishin....................Katsuiyuki Nobichi

Mikami Hojo.............................,.Yuko Kaida

Namme.........,.................................Yukana

Riona Kogure.................................Shizuka Itô



“A densidade deste poder maligno é assustadora.”

(Namme)

 

“O céu foi escurecido por ódio e pela escuridão... em breve cobrirá a Terra.”

(Namme)

 

“Eu sou a culpada!”

(Princesa Kuro)

 

“Acho que ela pode destruir o mundo.”

(Namme)



Desta vez o componente do drama ultrapassa o de luta entre os diversos adversários. Reishin ocultara ciosamente o motivo de suas ações no passado, preferindo arvorar-se em vilão. Na verdade os gurus da Terra Sagrada pretenderam matar Kuro por causa do legado supostamente maligno da garota. Reishin lutou com todo o seu poder, no que resultou uma carnificina, para salvar a irmã. No fim a própria mãe de Reishin e Kuro, a sacerdotisa, pediu que Reishin a matasse sobre a Pedra Sagrada para que o seu sangue fosse absorvido, e isso quebraria o selo da Terra Sagrada, que a isolava do mundo.

Tudo se resume, portanto, ao Masagami e sua maldição: no passado remoto, ao ser derrotado e selado, o Masagami (espécie de entidade maléfica tríplice) lançou a maldição de Doppelganger sobre a humanidade. E, pelo que foi dito, a cada mil anos ele encarnava como uma princesa mototsumitama, que deveria então ser morta.

Reishin opôs-se e tudo isso e sua ação salvou Kuro da morte mas, sem conhecer a motivação do irmão, ela pôs-se a vagar pelo Japão. É difícil entender porque a perseguiram tanto. Mas ela desperta declarando-se o Masagami e dizendo-se culpada — mas ela é só a terça parte, outras duas, também com formas femininas mas com cores insólitas, acham-se a alguma distância, diante de Reishin, que está disposto a acabar com a maldição milenar.

Só o fato de mostrar angústia mostra que Kuro não é má, mesmo que carregue pesada herança ancestral.

Atenção que essa história é praticamente mitológica e de mitologia japonesa. É anacrônica por se passar nos tempos atuais, em meio à civilização tecnológica, da qual vai se afastando e se concentrando num sub-mundo à parte, a tal “Terra Sagrada”. O argumento é meio sem pé nem cabeça e exagera em conceitos fantasiosos. Mas, dentro desses conceitos exóticos, subsiste uma busca por redenção e uma prática de virtudes como a integridade de propósitos, a lealdade e a sensibilidade.

Quem portanto acompanhar a série desde os primeiros capítulos, diante das revelações do capítulo 20 não vai aceitar que Kuro seja uma “deusa negra” porque, enquanto Princesa Kuro, ela não praticou o mal. Portanto fica a expectativa em torno dos capítulos seguintes e finais: qual será o destino de Kuro?

 

Rio de Janeiro, 21 a 24 de dezembro de 2021.