O Médico e o Farrapo

Capítulo Um

JOSUÉ estava nervoso, ansioso. Sua inquietação com as pernas demonstrava isto. Estava sentado numa cadeira dentro duma delegacia. Foi pego em flagrante, com uma arma na mão diante de seu amigo médico que estava cravejado de bala. Estava algemado. Seu advogado estava a caminho. Ele era o único preso que não tinha marca de surra. Por algum motivo, os policiais que tinham o costume de dar uns bolos e deixar olhos roxos de ladrões e assassinos, não tinham feito nada neste homem. Por que será? Seria ele um gangster? Um chefe da máfia? Um político?

Chegou o seu advogado, Sr. Barbosa. Um homem barrigudo, alto, barba bem feita, porém já pendendo para o branco, já ficando calvo na parte traseira da cabeça, forte no físico e vigoroso no falar. Ele entra na delegacia com ar de riso, aproxima-se de Josué, e abraça a irmã deste, Marina, que faz companhia a seu irmão. Cochicha no ouvido dela, algo que a deixa alegre e excitada, sendo expressa pelo seu rosto. Após isso, Sr. Barbosa dá uma tapinha no ombro de seu cliente, na verdade, seu amigo.

Barbosa dirige-se até a sala do delegado, Sr. Rui, e saindo da sala junto com o delegado, depois de quinze minutos, chega-se novamente onde está seu cliente, e Rui ordena para o policial ali perto que solte o preso dessas algemas.

Quando estavam saindo, sim, quando estavam pertinho da porta, o delegado Rui gritou:

- Josué! – o delegado conhecia-o. – Venha cá, pois você tem que assinar este papel.

E, levantado um papel na ponta dos dedos da mão direita, o delegado acenou chamando. Josué olhou para o advogado, como que dizendo: ‘você não vem comigo?’, mas o advogado lhe acenou com a cabeça com um ar de riso, como que dizendo: ‘pode ir, fique tranqüilo’.

O delegado era um pessoa muito perspicaz e prudente, não era o durão. Ele queria tirar uma dúvida a respeito de Josué. Disse ele:

- Filho, - ele considerava Josué como um filho – assine seu nome aqui.

Josué olhou para ele, e sorriu pelo canto da boca, e entendeu o que Rui realmente queria saber. Rui respondeu com um sorriso também.

Só sei que, o que Josué fez naquele momento, diante daquele pedido, foi o cúmulo para o Rui perguntar:

- Qual foi o seu crime?

- Meu pai, - respondeu Josué de maneira carinhosa e meiga, levantado os olhos para Rui. – Meu crime é estudar muito!

E, dizendo estas palavras, ele abraça Rui, e pela primeira vez Rui mostra-se emocionado, e Josué vai embora.

Rui, o delegado, balbucia tais palavras:

- Quem subestima, suicida-se.