"A Cabana", por William P. Young

"A cabana onde Deus espera para o fim de semana"

Para muitos Deus é – por definição – a “força” que move o mundo, presente em todas as coisas e seres, criados por Ele e formados de Sua mesma essência. Para outros Deus é “alguém”, um ser, pessoal, indivíduo, cujo trabalho não se completou com a Criação e, portanto, um Deus que se importa e intervém.

Obviamente nossa incapacidade de por em palavras o intangível dificulta a própria apreciação intelectual e filosófica destas duas vertentes do entendimento teológico, que se não são as únicas, dividem bem a miríade de hipóteses nascidas na alma de não sei quantos bilhões de almas viventes. Sim, pois “cada cabeça, uma sentença”, diria a sabedoria popular, ao mesmo tempo em que a metáfora de Agostinho nos convence da impossibilidade de contermos, em nossas frágeis mentes, a imensidade do universo.

Para aqueles que crêem em um Deus pessoal, que se importa conosco (“nem um só fio de cabelo cairá de sua cabeça sem o meu consentimento”) e intervém (“eis que estarei convosco então até o fim dos dias”), “A Cabana” é o livro certo. Didático sem ser pretensioso, bem escrito, o livro de William P. Young troca em miúdos velhos paradigmas (a Santíssima Trindade, a humanidade de Jesus, o papel do Espírito Santo, por exemplo), questiona eternos dilemas (como ser cristão no mundo “de hoje”, como amar aos próximos, como sermos bons filhos, esposos e pais) ao mesmo tempo em que nos coloca diante das questões maiores da vida e da fé (de onde viemos, por que fomos criados, qual o nosso papel no universo). Tudo isso em linguagem coloquial e fluente, ao melhor estilo “best-seller”; enfim, americano, profissional.

Partindo-se desta visão, é difícil “criticar” o livro que tantos estão amando neste já quase findo ano de 2008. É como falar das mensagens de Nossa Senhora em Medjugorje: ainda que você não acredite em sua origem ou procedência, a catequese está toda lá, sem tirar nem por. São opiniões quase “canônicas”, que pouco ou nada se desviam da corrente principal do Catolicismo – afinal, qual é o cristão que seria contra o trinômio jejum-oração-confissão?

Da mesma forma encaro a cabana - onde Deus espera Mack para o final de semana: uma cartilha para quem tem dificuldades de entender esta filosofia, chamada (erroneamente, segundo o livro) de Cristianismo. Como Tolkien e Lewis, no entanto, Young é capaz de propor vários níveis de leitura, tornando o livro agradável (e inteligente!) até para aqueles (algo) mais versados em teologia.

Se era esta a intenção do autor, não o sabemos. Da leitura depreende-se uma vontade de se atingir não só os que estão afastados de Deus, mas também os que ainda não O conhecem. E é ao encarar de frente este desafio que o livro se reveste de um sentido evangelizador - na melhor acepção da palavra.

Impossível terminar a leitura sem se sentir mais próximo - e íntimo – de Deus Pai, de Seu Filho e até daquela abstração chamada Espírito Santo.

Renato van Wilpe Bach
Enviado por Renato van Wilpe Bach em 18/12/2008
Código do texto: T1342818
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