Resenha do livro "LÍNGUAS, POETAS E BACHARÉIS: Uma crônica da tradução no Brasil" de Lia Wyler

Neste livro, Lia Wyler tece um histórico da evolução da profissão de tradutor no Brasil desde a sua fundação até a década de 1970.

Na introdução, Lia cita uma definição da tradução como sendo a “reescritura em língua nacional de um texto em língua estrangeira”, diz que tal atividade pode ser usada como instrumento de manipulação a serviço de um dado poder, que as primeiras reflexões sobre o ofício no Brasil foram feitas por Paulo Rónai e que no Brasil 80% dos livros de prosa, poesia e referência são traduzidos.

A tradução torna um produto consumível pelo mercado brasileiro, que possui milhares de tradutores que transpõe para o português, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos e na Inglaterra. Mesmo assim, alguns brasileiros não sabem que traduzir tornou-se profissão liberal no final da década de 1980 e pensam que qualquer pessoa que conhece um idioma estrangeiro é capaz de traduzir.

Cursos superiores de tradução totalizam mais de cinquenta em todo o país, 70% só no estado de São Paulo, mas, apesar de existir o Sintra, fundado por Paulo Rónai, a profissão continua aguardando regulamentação, não se exige do tradutor formação básica homogênea, o que faz com que os tradutores formados em cursos livres dominem o mercado, pois aceitam remunerações baixas.

Lia também diz que a imprensa tem papel ativo na formação de conceitos que prejudicam a visibilidade do tradutor. A mídia só fala do tradutor quando este é um escritor famoso, ou elogiam o estilo do autor sem se lembrar que o tradutor se esforçou para mantê-lo, discutem a incompetência e discutem sua fidelidade ou não ao “original”. Uma exceção é a Folha de São Paulo, que enfatiza a qualidade do trabalho do tradutor, tornando-o visível.

Os professores de tradução saem do quadro de Letras por não existir licenciatura em tradução em universidades brasileiras, que continuam mantendo práticas com relação à tradução que mascaram o volume de obras traduzidas. Os professores preferem indicar em suas bibliografias edições de títulos estrangeiros, por vezes esgotados, mesmo havendo traduções recentes destes, quando indicam livros traduzidos não citam nem comentam o tradutor. Também a escassa bibliografia sobre o assunto no Brasil para estudo faz com que os pesquisadores prefiram estudar culturas mais antigas (melhor documentadas), mas esse desprezo não é exclusividade brasileira, há em todo o mundo. Nos países hegemônicos, os livros traduzidos são fonte de prazer e descortino de novas ou exóticas visões de mundo, no Brasil, durante cinco séculos, tem sido um veículo de aculturação.

No primeiro capítulo, Lia trata da tradução oral no Brasil, dizendo que esta é descontínua no que diz respeito a línguas fonte e alvo, condição social do tradutor, cooptação pelas instituições, formação de associações, políticas editoriais, teorias e publicações sobre o assunto.

A tradução oral teve início com o achamento do Brasil e a tradução escrita, em 1549, com a vinda dos jesuítas e foi limitada aos universos escolar e burocrático e às línguas-alvo diferentes do português, mas só foi regulamentada em 1808, com a fundação da Impressão Régia. O língua era um tradutor oral que promovia o contato entre os portugueses e os povos indígenas, que na época eram ágrafos e falavam centenas de línguas e dialetos, que mais tarde foram estruturadas em gramáticas pelos jesuítas com o intuito de catequizar os indígenas e torná-los dóceis. Os portugueses escreviam literatura e documentos em latim e só traduziam os de cunho religioso. A primeira tentativa bem-sucedida de se padronizar a língua portuguesa ocorreu em 1536, quatro anos mais tarde, João de Barros procurou enquadrá-la nas regras do latim.

O terceiro grupo de culturas a chegar ao Brasil foram os africanos, que eram obrigados a aprender o português e tupi para se comunicar com os colonizadores e companheiros de escravidão, os índios. Em seguida chegaram outros povos europeus como espanhóis, franceses, ingleses e holandeses. Tantos grupos étnicos diferentes resultaram em um plurilinguismo e numa multiplicação de intérpretes. Também contribuíram o uso do espanhol a oeste da linha de Tordesilhas e o intenso movimento imigratório com a abertura dos portos e concessão de terras a não-portugueses. Em 1823 a primeira Assembleia Constituinte Brasileira escolheu o português como língua nacional. Mesmo assim comunidades sulistas de imigrantes alemães e italianos desconheceram a língua portuguesa até 1930.

Afonso Ribeiro, criado de dom João Telo foi o primeiro língua a se formar em terras brasileiras, a quem se juntaram náufragos que também adotaram esta profissão. Os línguas, então, incorporam novas atribuições e ocorre, com isso, a elitização da profissão, mantida até hoje. A partir da segunda metade do século XVI os línguas se tornaram “cabos” e “cabos de entrada”, viraram sertanistas, participando na construção de estradas e portos de telegrafia, serviços públicos de colonização e no contato com índios “bravios”. Mais tarde, os línguas passaram a integrar a Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial e tropas de paz da ONU.

Com a chegada dos jesuítas, o português perde a condição de língua-alvo, o que constituiu uma revolução linguística. Eles aprenderam a língua franca usada pelas tribos para utilizá-la como instrumento de poder terreno e espiritual. Com isso dispensaram os línguas e estabeleceram a educação plurilíngue. Os mamelucos substituíram os degredados e náufragos em suas funções como intérpretes.

Padre João de Azpilcueta Navarro realizou a primeira tradução escrita no Brasil: A Suma da Doutrina Cristã na Língua Tupi. Em 1555, padre José de Anchieta organiza uma gramática da língua franca da costa que foi impressa em Coimbra em 1595. Um século após o achamento, o nheengatu torna-se língua oficiosa do Brasil-colônia.

Em 1808, o Príncipe Regente Nosso Senhor d. João cria o tradutor juramentado para visitas de navios estrangeiros e em 1851 o Decreto Imperial n°863, de 17 de novembro “Estabelece Regulamento para os Intérpretes de Commercio da Praça do Rio de Janeiro”. O ofício da profissão foi proibido às mulheres. Os intérpretes deveriam passar certidões e traduzir livros, documentos e papéis escritos em língua estrangeira a serem apresentados em juízo ou em repartições comerciais; examinar tais documentos quando arguida sua exatidão pela Alfândega ou pelas autoridades judiciais e interpretar o depoimento de estrangeiros em juízo.

Com o advento da República, Juntas Comerciais sediadas na capital federal e em Belém, São Luiz, Fortaleza, Recife, Salvador, São Paulo e Porto Alegre foram reorganizadas e receberam novo regulamento dando-as competência para nomear seus intérpretes. Um ano depois um novo decreto elevou para dez o número de intérpretes do comércio no Rio de Janeiro para inglês, francês, alemão, italiano e espanhol. Em 1916, o Código Civil Brasileiro assegurou a continuidade da profissão.

Na Segunda Guerra Mundial os tradutores e intérpretes eram usados pela segurança nacional em conferências internacionais e surgiram equipamentos para que os intérpretes ouvissem o que era dito pelo orador e traduzissem simultaneamente para os participantes do evento, além da garantia de acesso à profissão às mulheres e nomeação dos profissionais mediante concurso público.

Em 1960, cria-se um bacharelado de tradução na PUC do Rio de Janeiro e em 1971 cria-se a APIC que devia regular o mercado nacional de interpretação nos moldes da AIIC. Neste ponto, a profissão passa a contar com o aval europeu e há uma predominância feminina em seu exercício. Há também uma reunião de intelectuais com Paulo Rónai e Raimundo Magalhães Junior, fundando, em 1974, a Abrates.

No próximo capítulo seguinte, a autora passa a tratar da tradução escrita, que desde o início enfrenta obstáculos ao seu desenvolvimento como profissão, tais como ausência de demanda. Até quase metade do século XX, a profissão estava reduzida a exercício acadêmico ou prazeroso e de ocupação temporária para as elites intelectuais. Também contribuíram a consolidação tardia do português como língua nacional e políticas da metrópole portuguesa com relação à educação e à imprensa. Dom João III cedeu o monopólio do ensino aos jesuítas para a formação de sacerdotes e promoveu a elitização e estrangeiramento do ensino e o analfabetismo em massa.

Nos séculos XVI e XVII a tradução escrita ficou restrita aos missionários evangelizadores dos índios e professores dos brancos nos colégios jesuítas. Ocupavam-se da organização de dicionários e da tradução de compêndios de religião e moral, orações, sermões, hinos e peças teatrais. Seus alunos escreviam e se comunicavam durante a semana em latim, falavam português no recreio, domingos e feriados e, em casa, sua língua materna, geralmente indígena, o que favoreceu o plurilinguismo.

As obras literárias traduzidas na colônia eram enviadas à Metrópole para o processo de censura e serem impressas, ou permaneciam como manuscritos. O tradutor era considerado autor da obra traduzida até fins do século XIX, quando começaram a surgir acordos internacionais de direitos autorais. No século XVIII houve um grande aumento no número de tradutores registrados e houve o início das especializações e o surgimento de bacharéis. Foi uma mudança quantitativa e qualitativa na produção dos tradutores, prenunciando o surgimento da tradução técnica.

Seguindo, a autora passa a tratar da tradução na corte. Nos fins do século XVIII surge um movimento em Portugal idealizado por brasileiros visando diretamente o Brasil e inspirado no Iluminismo, que pregava o ensino de ciências na Universidade de Coimbra, divulgando as ideias dos enciclopedistas e a fundação da Academia Real de Ciências em Lisboa.

As traduções, nesta época, eram realizadas por jovens brasileiros formados em universidades europeias e familiarizados com as ideias dos enciclopedistas na Tipografia do Arco do Cego, inaugurada em 1799 e extinta em 1801. Nela se realizaram cerca de uma centena de traduções, quase duas dezenas só por frei José, que se destinavam ao ensino dos agricultores brasileiro. Foi a primeira vez que o governo proveu recursos para um grupo de tradutores com o intuito de produzir obras de utilidade pública. Após o fechamento da tipografia, essas obras foram destinadas à Impressão Régia de Lisboa. Porém, nenhum destes tradutores pretendia que esta fosse sua profissão, viam a tradução apenas como um meio de vida passageiro.

A transferência da corte para o Rio de Janeiro promoveu indiretamente estímulos à tradução escrita no Brasil. As traduções do francês e do inglês eram feitas através do francês e do espanhol. Havia a supressão do nome do autor das obras traduzidas e colocação de títulos sugestivos e tentadores. Compêndios didáticos e paradidáticos foram traduzidos e impressos pela primeira vez no Brasil para instituições de ciência e de ensino superior. A maioria das traduções era do francês, do alemão e do inglês apenas de obras de assuntos militares, marítimos e médicos. Em 1821, com a abolição da censura, aumenta a variedade de títulos em todos os campos do saber e do prazer, com o domínio cultural francês se afirmando e as livrarias se multiplicando. Com a grande concorrência, as traduções passam a ser financiadas e a febre de traduzir se espalha por todo o Brasil. Nesta época, apesar de considerada baixa, a remuneração paga aos tradutores era quase o dobro do que se pagava em 1970.

Lia Wyler passa a discorrer sobre o romance-folhetim e o teatro. O romance-folhetim, juntamente com o teatro, proporcionou o desenvolvimento da tradução no Brasil no século XIX. Seu baixo custo e exigência de pouco material e tecnologia foram fatores extremamente favoráveis. O romance-folhetim teve grande demanda, seus leitores eram impacientes e ávidos de maiores tiragens, tanto que o Jornal do Commercio chegou a publicá-los quase que simultaneamente com os periódicos de Paris. Porém, a tradução dos folhetins tornou-se uma atividade depreciada no Brasil por este não ser considerado um gênero “digno”, com isso os tradutores passaram a preferir trabalhar no anonimato. Mesmo assim, esse estilo ainda continuou a ser publicado por muito tempo.

O teatro, inicialmente foi de cunho religioso nas línguas português e nheengatu e recebia forte influência do teatro espanhol. Essa influência entrou em declínio após mais de um século em vigência, quando foram introduzidas peças em outras línguas estrangeiras ou traduzidas destas. A atividade tradutória brasileira estendeu-se à metrópole com a proibição da impressão em terras brasileiras até 1808.

Em 28 de maio de 1810 foi construído um teatro no Rio de Janeiro e mais 23 outras casas de espetáculo por todo o país. Na segunda metade do século já se contava com mais de 13 teatros só no Rio de Janeiro e mais 17 em províncias. Com o crescimento exagerado da demanda de peças traduzidas houve a proliferação de peças “imitadas de”, “traduzidas livremente de”, “paródias de”, “inspiradas em”, “acomodadas à cena brasileira”, etc, pois o direito de propriedade literária, científica e artística só foram consolidados em 1916 com o Código Civil Brasileiro.

Com a independência, surge um sentimento antilusitano, o que favoreceu a entrada de dramas franceses, italianos, espanhóis e alemães. Os tradutores passam a ser figuras respeitadas na literatura, jornalismo e política, pois há uma predominância de peças teatrais traduzidas sobre as nacionais. Em 1930 começaram a ser fundados grupos de teatro e a surgirem novos autores brasileiros, mas ainda continua uma mescla de peças nacionais e traduzidas visando agradar ao público criado a comédias francesas. Hoje o número de peças adaptadas de originais estrangeiros continua a ser superior ao das de inspiração nacional.

Dando sequência, no capítulo intitulado “A Tradução Indústria”, vemos que o papel e a polpa eram taxados 60% a mais que os livros importados e que os livros vindos de Portugal eram totalmente isentos de qualquer taxação.

Com a Primeira Guerra Mundial, voltam-se as atenções para os autores nacionais e para a produção de papel nacional. Finda a guerra, o Brasil volta a importar livros. Editoras, livrarias e papelarias abrem e fecham, trocam de dono, mas algumas prosperam. Estas contrataram escritores multilíngues para adaptar, parafrasear e traduzir textos europeus e norte-americanos, o que constituía pirataria.

Na Era Vargas a tradução se torna um ofício legal. Obras inéditas passam a ser traduzidas, obras esgotadas são reeditadas, criam-se bibliotecas públicas permanentes e circulantes e há um estímulo à produção de papel e livros. Em 1937, com a criação do Instituto Nacional do Livro, as traduções de “obras raras e preciosas” passam a ser escolhidas e subsidiadas quando de interesse à cultura nacional, as demais traduções passam a ser assunto para o Serviço de Divulgação da Chefatura de Polícia.

Como a taxação elevava os preços de venda dos livros importados, a solução era traduzir. Mas não foi uma tarefa fácil, poucas empresas estavam aparelhadas para editar grandes livros técnicos e não havia um mercado consumidor interno para suprir a tiragem mínima de 10 mil exemplares. O que influenciava também eram os preços dos livros traduzidos tão próximos dos preços dos livros importados que as pessoas preferiam o original novo ou usado. O número de leitores para esses livros também devia aumentar, os analfabetos somavam 50% da população.

A censura interditou a edição e publicação de material que ofendesse ou prejudicasse o crédito do país e suas instituições ou a moral. As obras eram apreendidas e destruídas, o que incentivou a tradução de livros que oferecessem ao leitor uma visão de mundos e tempos distantes. A solução encontrada foi a tradução de livros infantis, de obras de referência para bacharéis formados pelas universidades recém-criadas e de obras de ficção para entretenimento e aprendizado. Alguns tradutores defendiam as ideias de seus partidos políticos e faziam críticas ao governo em suas traduções, até nas de livros infantis. Dois exemplos citados por Lia são Monteiro Lobato com Peter Pan e Cecília Meireles com Tom Sawyer.

Com o início da indústria de traduções nacionais, o francês deixa de ser a língua de influência dando lugar ao inglês. A falta de preparo dos tradutores no novo idioma de influência e as facilidades oferecidas pelo governo deram espaço para as apropriações indébitas. Houve muitas falências e queimas de estoque devido à grande quantidade de traduções lançadas. Mas houve editoras que prosperaram, como foi o caso da Editora Globo que no início lançou dois livros para o curso primário e várias traduções-piratas e no início da década de 1930 já lançava grandes coleções de livros traduzidos. Mas os tradutores continuavam a não ver seu ofício como profissão, Érico Veríssimo, por exemplo, fazia traduções para complementar o orçamento doméstico. A sala de tradução da Editora Globo contava com máquina de escrever, fita, manutenção, papel e uma vasta biblioteca de dicionários e enciclopédias à disposição dos tradutores que lá trabalhavam.

No capítulo final Lia Wyler trata da tradução na década de 1970. Nesse momento as editoras nacionais passam a se associar às suas congêneres estrangeiras ou são compradas por estas. Tais associações resultam na impressão de coleções de obras literárias ou de referência e de enciclopédias que eram vendidas de porta em porta com condições como suaves pagamentos mensais. Estes tipos de obras proporcionaram novas frentes de trabalho para tradutores técnicos. Um exemplo de parceria com editoras estrangeiras é o da Editora Delta com a francesa Livraria Larrousse, que resultou na Grande Enciclopédia Delta-Larrousse, obra em quinze volumes. A Editora Delta ainda fez parceria com outras editoras norte americanas resultando, por exemplo, em duas outras enciclopédias: Enciclopédia Delta Universal e Enciclopédia Delta Júnior.

Por volta de 1964 o mercado para enciclopédias cresceu muito. O resultado foram lançamentos como o da Enciclopédia Barsa Brasileira, que incluía verbetes relacionados com o Brasil. Em 1979 esta enciclopédia foi reeditada, agora citando os nomes dos tradutores envolvidos em sua confecção. Nessa época outras editoras europeias e de outras regiões do continente americano vêm para o Brasil por se ter uma maior facilidade na exportação e uma possibilidade de venda de seus livros por um preço inferior ao dos nacionais.

Juscelino Kubitschek promoveu uma expansão no mercado de trabalho para tradutores graças ao seu Plano de Metas, que exigia a importação de tecnologia e, com isso, tradutores para livros de referência, manuais e catálogos de peças, além disso, o crescimento do mercado de livros universitários atrai ainda mais editoras estrangeiras. O Book Program americano de 1960 investe maciçamente na indústria editorial brasileira, 9.849 títulos são lançados através desse programa, 364 por ano, quase 1 por dia. Esse investimento também incentivou a abertura de bacharelados de tradução no Rio de Janeiro e São Paulo.

Finalizando este último capítulo, Lia fala da Abrates, um grupo de intelectuais liderados pelo idealista Paulo Rónai que visava dar valor à tradução literária. Paulo Rónai lançou o primeiro livro brasileiro sobre tradução: Escola de tradutores. Ele se preocupava com a inexistência de uma classe de tradutores e com a baixa remuneração da categoria. Em 1950, Rónai se corresponde com a FIT, o que resulta na criação, em 1973, de uma associação de tradutores do Brasil filiada à FIT e contando com a participação de 112 tradutores. Foi a Abrates que organizou o I Encontro Nacional de Tradutores do Brasil, nenhum outro movimento teve tão grandes repercussões políticas e incentivou tantas realizações práticas. Em 1976 foi lançado o Boletim Abrates, periódico que contava com artigos sobre problemas de comunicação interlingual e matérias de interesse profissional e cultural, nessa época a Abrates já contava com 212 associados. Houve também nessa época a criação de prêmios para traduções e tradutores, mas logo esses prêmios passam a não dar mais tanto incentivo pelo fato de os tradutores serem vistos como empregados das editoras. Foi pedida, por parte da Abrates, a regulamentação da profissão de tradutor, mas sem sucesso.

Como conclusão, podemos dizer que a leitura desse livro nos proporciona um sucinto panorama da história da tradução e dos tradutores passando por vários períodos históricos desde o “achamento” do Brasil até os anos de 1970. Lia Wyler nos fornece uma grande quantidade de informações procedentes para nossa formação tanto profissional como pessoal num curso de formação de tradutores sem ser repetitiva sem se prolongar em assuntos pouco importantes, empenhando-se mais em assuntos de maior relevância.