A GUERRA DE CLARA - STEPHEN GLANTZ

Memórias do refúgio

Lá pelos anos 1930, mais de 5 mil pessoas compunham a comunidade judia da pequena cidade de Zolkiew, na Polônia. Ao fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), restariam pouco mais de cinqüenta – entre eles, a jovem Clara Schawrz, que hoje vive nos Estados Unidos e atende pelo nome de Clara Kramer. Sobreviver àquelas condições brutais pode ser creditadas a milagre, sorte ou solidariedade? Para contar sua história ao mundo, ela recorreu ao escritor Stephen Glantz, e dessa parceria resultou uma biografia que vem sendo comparada pela imprensa especializada com obras clássicas do gênero como A Lista de Schindler e O Diário de Anne Frank. Curiosamente, as duas obras acabaram virando filme, o que deve se repetir com A Guerra de Clara, ainda mais porque Grantz é roteirista e especialista no tema da guerra.

O que mais desperta a atenção no livro, no entanto, não são as atrocidades sofridas pelos judeus – afinal, graças ao empenho dos judeus em não deixar a história ser esquecida, o Holocausto é um episódio bem conhecido –, mas o fato de Clara ter contado com a caridade de um alemão antissemita que, em tempos de guerra, deixou para trás o racismo em favor da solidariedade humana. Foi no subsolo de sua casa que a família de Clara permaneceu escondida durante dezoito longos meses. Foi naquele abrigo improvisado que, incentivada pela mãe, Clara rabiscou as primeiras páginas de seu diário, o embrião de um livro de memórias que se tornaria público muitas décadas mais tarde.

No início de cada capítulo, são descritos trechos extraídos do diário, cujos originais estão hoje no Museu Nacional do Holocausto, em Washington (EUA). E a involuntária “cruzada” iniciada por Clara Kramer ainda na infância permanece dando frutos. Atualmente com 81 anos, ela mantém uma campanha para preservar a memória do massacre perpetrado pelos nazistas, usando a própria experiência de sobrevivência como sua principal bandeira.

Fonte: Revista Eclésia - Edição 133

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JDM