O Oriente e a Igreja
REFERENCIA:
KOUBETCH, Volodemer. Da criação à Parusia: linhas mestras da teologia oriental. São Paulo: Paulinas, 2004. p. 55-99.
RESUMO:
Há uma diferença básica entre a reflexão teológica do ocidente e a do Oriente: a primeira é tomada pelo juridicismo, enquanto que a segunda preferiu enfatizar o esquema de divinização. Daí que se pode ver o aparecimento do conceito de graça, da qual é conceituada como participação da vida divina na história que serve para sublinhar o aspecto presente da salvação. É bom frisar que esta, a graça, não possui o objetivo de livrar o ser - humano de sua condição finita de homem.
Os orientais possuem uma forte rejeição pela categoria aristotélica-escolástica da causalidade eficiente, pois esta resulta numa visão moral e jurídica. Eles, os orientais, têm uma antropologia de valor ético e uma tendência ontológica. Sua teologia é expressa por uma linguagem de deificação, a theosis, que é, justamente, reflexo da participação na vida divina, na medida em que o ser – humano cresce juntamente com a imagem e semelhança de Deus.
As energias é o ponto central para a compreensão da criação. Pode-se ver em Gregório de Nissa que as pessoas da Santíssima Trindade agem de forma dependentes umas das outras e o seu início se dá pelo pai. E é a própria energia que age sobre estas pessoas da trindade. São Gregório Palamas foi quem desenvolveu tal ensinamento, sendo considerado como palamismo que é, sobretudo, qualificado como uma síntese do pensamento patristico grego.
No século XIV o ciclo pneumatológico conseguiu alcançar seu ponto culminante e viu na doutrina de Palamas uma armadura dogmática. Porém, houve aqueles controversos a Palamas, alegando que a sua teoria, uma vez praticada, excluiria a diferença entre Deus e a criatura. Para defender sua teoria, Palamas forma uma teologia peculiar, que são sintetizadas pelos seguintes pontos: a) possibilidade do conhecimento de Deus; b) afirmação da não denominação e não participável essência divina; c) distinção entre essência e energia em Deus.
Com isso, no século XIV o palamismo foi o grande vitorioso por representar um humanismo especificamente cristão. Sendo considerado, até, mais humano quanto mais atinge o estudo de maior deificação, a theosis. A intuição essencial do palamismo é que a deificação não suprime a condição humana. Pelo contrário, faz com que o homem seja verdadeiramente humano. Alertando que fará “certa entrada, muito respeitosa e apofática, no mistério da Santíssima Trindade, em sua triunidade”, o autor trata do Filioque e Spirituque, Trindade imanente e Trindade econômica, Espírito e Verbo – as “duas mãos do Pai”. Esses e outros temas são abordados em diálogo com a tradição ocidental
A teologia oriental pode ser definida como uma divinização do cristão mais acertada, forte e realística. Ou seja, há uma centralidade espiritual no realismo pneumatológico. É ainda uma união com Deus e, ao mesmo tempo, mística e ativa. Cristo e o Espírito Santo são os dois centros da vida cristã. A corrente primeira da teologia bizantina é o chamado para se conhecer a Deus e obter uma experiência com o mesmo.
A uma diferença entre o termo “teologia” e o termo “economia”. A primeira procurou, ao longo dos tempos, radicalizar a sua posição. Enquanto que a segunda, a economia, é o critério para a teologia cristã de Deus. E mais, ela, a economia, é parte concentrada do relacionamento da teologia trinitária. Para a economia uma coisa é certa: a essência de Deus não pode ser conhecida, porém ela mesma pode ser manifestada pelas energias. De fato, na vertente oriental o aspecto foi mais enfatizado. É a preocupação da economia entrar em comunhão com o mistério divino e compreender a Deus.
A própria teologia se difere da economia. A primeira se preocupa com o mistério divino, bem como com a interioridade. Já a segunda mostra os eventos em que Deus aparece para socorrer a humanidade. Tais eventos são constituídos pela encarnação do Verbo e pelo envio do Espírito Santo. Pode-se afirmar que o palamismo é a base para a formação da economia salvífica aos orientais, ou seja, a theosis.
Aquelas teologias que não fazem referência a economia da salvação não são justificáveis e não são defensáveis as que são agnósticas. No que se refere a teologia latina, o mistério é mostrado pela doutrina das missões divinas. Já os ocidentais foram mais influenciados pelo pensamento cristológico e, sobretudo, pela idéia anselmiana sobre a redenção. Por isso, o discurso cristológico fora dito como um argumento autônomo. Caso tenha noção patristica grega, a cristologia obtém nova dimensão universal. No oriente a encarnação foi entendida como a afirmação de que o Verbo teria se tornado homem, havendo assim o uso do termo redenção.