a cosmo-profecia do movimento ao infinito
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          O livro se divide em quatro partes:
I - poema da criação (primeiros poemas)
II - a cosmo-profecia dos mundos (segundos poemas)
III - o homem cósmico (terceiros poemas)
IV - a cosmo-profecia do movimento ao infinito (últimos poemas)


            Na parte I, há os neologismos:
          aconteciência  
          esfalecia 
          éssendo (= é sendo)
          fenomênicos 
          impermanente 

          infixo 
          pletórica 



           Na parte II:

          a físis
          cogitabunda
          desnexo
          desnorte
          devenir
          existimento
          gâmico
          incorrente
          negabilidade
          naturante
          (natureza) naturada
          oniria

 
          pacienciosas
          vérsica


            Na parte III:
          aderrama
          intraciência


           E na parte IV:

          alvir 
          anti-teses
          cardiomundo
          cemiteriais
          coorp(o)ração
          etereais
          empequenece
          errabunda
          idéia-frágua
          (vãs) empreitas



          Alguém exclamará:
          -- Mas este livro está uma bagunça, uma "zona" danada!  Não batem as coisas, palavras se chocando - tudo confuso, louco, febril!  
          Diria eu: "Ora, amigo, se ele recria o caos primordial, aludindo à juventude de Deus - talvez ao seu nascimento, seu toque inicial no Firmamento, eternamente retocado -, como querias algo estático, em ordem, pura disciplina estelar?!"  

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          A sábia Natureza, que colocou no mundo Adolf Hitler (Alemanha), Alexandre (Grécia), Átila, Benito Mussolini (Itália), Fidel Castro (Cuba), Francisco Franco (Espanha), Gengis Khan, George Bush (EUA), Ho Chi Min (Ásia), Joseph Stalin (Rússia), Lindon Johnson (EUA), Richard Nixon (EUA), Ronald Reagan (EUA), ordenou-lhes: “Ide, e matai e morrei.  Abri espaço para as gerações vindouras.  Já!” 
        
Tudo o que os homens fizeram desde o princípio dos tempos faz parte da lógica das coisas. As guerras, os extermínios em massa, as bombas atômicas, os assassínios, as traições, os gestos de paz, os Jesus, os gritos do silêncio - tudo toca a toga que rege o destino humano.  
         Entretanto o sujeito lírico irrompe, indaga, questiona, cobra do Criador mais carinho --- ou o carinho devido às criaturas.  Indagações perdidas ansiando encontrá-Lo no Infinito --- e receber respostas.
         Ou seja: sua competência poética (que passa antes pela competência linguística) nos deslocou, "desfixou", desacomodou e desestruturou. Seu arrazoado mexeu com todos: armou-nos, desarmou-nos, revestiu-nos enfim de humildade.
         Cumpriu seu destino o poema!, saído de mãos tão aflitas, indagadoras...
         Trata-se de uma reflexão de alto nível, não só de astros girando como de sentimentos incomodando, exigindo luz, atenção, renovação.   
        Captou o artista a magia impossível da verdade poética.  Então não era impossível: porém só a tornam possível, concretizando-a, aqueles que como ele perseguem sempre o ideal de beleza. 
        Estranha noite da alma!  Leveza pura, magnífica quietude, salmo solitário... 

        Assim André contribui para o cumprimento da saga do gênero humano: perdendo tempos oficinando palavras, expressões e hosanas à Criação.
        Aqui, abrigados na sua profecia, ficamos mais livres do poder das palavras.  Ou ainda mais senhores delas.   
        Também palavras soltas são poesia.  E as dele são mais que soltas: distantes, magmáticas, telúricas, enigmáticas – caos planetário.  Estranhas palavras-anjos, anunciando dunas eternas que vão se desdobrando no dele, no nosso deserto.
          Por que seu poema é profundo?
          Porque são suas palavras profundas lanças, que atravessam nossa sensibilidade, nossa natureza humana.  
          Sim: não há outro meio de sentir, senão refletindo sobre o que lemos: e para refletir, só sentindo, só sendo cativados e irresistivelmente arrebatados para o interior da obra de arte.


 
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          André: um dia, Deus em pessoa o chamará diante do Trono para cumprimentá-lo pela visão original, percuciente, única, sem frescuras ou medos, admonitória, divinatória enfim que você teve das criações dele, produzindo um relato móvel como o Tempo e o Cosmos. 

          Dirá das palavras que você restaurou ou inventou para falar melhor de seres e coisas.   Com tal atitude, você fez se mover, evoluir uma língua viva, pois que a revolveu e ousou remodelá-la, contribuindo para o seu engrandecimento, ininterrupto há mil anos.

          E aludirá carinhosamente ao seu gesto de colocar nomes místicos, intocáveis pela Humanidade todos em letras minúsculas, substantivos simples: deus,  jesus cristo, moisés, buda, gandhi, trismegisto, heráclito, 
spinoza, 
natureza, mulher, universo e andré -- gesto de extrema humildade sua, diante de Tudo.  Um dia.


         Isto sem contar sua capacidade de descrever, narrar o Big Bang, encerrando-o num poema épico.  E aprisionando nele, também, em lexemas inescapáveis, um infinitésimo de Deus.




          Tempo empregado nesta resenha: 08:00h, até 08/12/2010.
Jô do Recanto das Letras
Enviado por Jô do Recanto das Letras em 24/06/2010
Reeditado em 26/08/2011
Código do texto: T2337904
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