Sobre o Plágio: nem uma coisa nem outra (revisado)

O que entendi: não é que tudo se copia e nada se cria, mas que o PIOR do plagio é a apropriação daquilo que faz uma obra ORIGINAL, ou seja, daquilo que é proprio do autor (do SER)...O ato da escritura se apoia, queiramos ou não, naquilo que nos antecede e naquilo de que nos apropriamos ou não levamos em consideração...um dado autor nos inspira...outro nos provoca e respondemos. Outro autor nos entusiasma a continuar a escrever desta ou daquela forma, outro nos é indiferente...é impossivel produzir a escrita, ou a fala, o discurso em geral sem algo que o antecede (desde nosso balbuciar como nenéns fazemos isto hehehe). Ou seja, há um fazer e um refazer do sentido dos discursos sociais em geral (nossos textos são discursos sociais). Citamos outro autor, quando não colocamos no novo texto o que e proprio de nossa elaboração criadora. Não citamos quando consideramos que há muito mais de nós mesmos que de outros autores outros na escritura. Mas entre estes "polos" há nuances...e aí saio do meu texto próprio acima para abrir aspas para o nosso Michel Schneider. Abro aspas:

"O deslizamento de um texto para o outro se dá segundo transformações contínuas. Mediante um afastamento insensivel a partir do grau zero (texto inicial), cujo primeiro estágio é o plágio literal. Depois vem, segundo a importância das alterações sofridas, o palimpsesto, o pasticho, o texto autêntico e novo, que é, de fato, uma transformação mediante a simples imersao de fragmentos apropriados num novo texto."

Realmente lembra algo que ja li tambem de ECO algum dia, mas nao teria a capacidade de recuperar de repente uma discussao sobre o autor sem uma releitura de alguns textos que estão sem releitura faz anos. Sua obra (a de Umberto Eco) é bastante densa, extensa, e tem transformações ao longo de décadas - desde os anos 70. No meu entendimento nao se trata apenas de uma questão de conteúdo e sim de sentidos e novos sentidos, num processo de "semiose infinita", intertextualidades, "deslizamentos" as vezes sutis. Que dão a um mesmo "conteúdo" um novo sentido...além do que Schneider fala também da questão social do plágio, pois ao tomar uma obra sem citar, ou reescrevê-la e ter mais PODER para divulgar, a apropriação se torna INSUPORTÁVEL, como diz M. Schneider. Vou reler Milton Jose Pinto, autor brasileiro e lembrar de mais algumas coisas interessantes para trocar aqui. Obrigada a todos por me estimular a ir aos livros novamente...Paro com este por aqui pois quero provoca-los com outra mini resenha do Schneider: uma crítica ao "comunismo de idéias". Até a próxima e bom final de semana.

Nao se preocupe Lilipoeta. Isto é um surto passageiro. Logo, logo volto as crônicas e vou estudar poetrix com você.

Bjs a todos de obrigada pelos retornos provocativos.