"O touro negro" de Aloísio Azevedo

O TOURO NEGRO DE ALOÍSIO AZEVEDO
Miguel Carqueija



Resenha do livro “O touro negro” (compilação de textos diversos) de Aloísio Azevedo. Livraria Martins Editora, São Paulo-SP, 1961. Capa: Clóvis Graciano. Introdução: Adonias Filho. Reprodução de gravuras de Goya.

Esta coletânea foi organizada e publicada após a morte de Aloísio Azevedo, ocorrida em 1913. O romancista colaborou na imprensa e alguns dos seus artigos acham-se aqui incluídos. Na parte final do volume, suas cartas. Eu pessoalmente acho um pouco estranho divulgar a correspondência pessoal dos escritores já que isso não é literatura e pode conter inconveniências. No caso deste autor, o fato é que Azevedo exerceu o cargo de cônsul em vários países, que ele costumava insultar nas cartas que foram preservadas. Por exemplo ele foi cônsul em Vigo, na Espanha. E eis o que se lê numa de suas cartas lá escritas: “Este povo, ao contrário do nosso (sic), é porco, é estúpido e é velhaco. A estupidez e a brutalidade andam por aqui aos coices pelo ar e são respiradas por todos os poros.”
Preciso dizer mais alguma coisa?
Quanto aos textos jornalísticos o melhor sem dúvida é o que dá título ao volume: uma crônica a respeito de uma tourada assistida pelo autor na Galiza. Azevedo deixa bem claro tratar-se de uma barbaridade, e que incrivelmente até hoje ocorre. O texto não é para estômagos fracos.
Os demais textos — inclusive uma peça teatral, “Fluxo e refluxo” — não me parecem marcantes.
Obra para ser lida mais pelos admiradores do autor de “O cortiço” e “Casa de pensão”.

Rio de Janeiro, 4/11/2016.