“Caso Escola Base: os abusos da Imprensa”

Resenha Crítica do livro de Alex Ribeiro, “Caso Escola Base: os abusos da Imprensa”

Caso Escola Base: os abusos da imprensa, de Alex Ribeiro, é um excelente trabalho documental de amostragem da irresponsabilidade ética por parte da imprensa, e de certa forma da sociedade.

A narração sistemática, conduz o leitor a inteirar-se do processo histórico do caso como testemunha ocular. Desde o início da narração, leva o leitor – sem convidar – a se colocar numa posição de investigador, acreditando na hipótese de incoerência de fatos. Como leitora, senti-me convocada a refletir a respeito da posição de jornalista, editores, opinião pública, acusadores e acusados, principalmente.

Seu trabalho é crítico, competente e de extrema importância à reflexão profissional de toda pessoa ligada à esfera pública, de maneira imprescindível, ao mundo jornalístico. Esses têm maior poder – por meio de seus veículos – de inocentar ou punir alguém. Nesse último caso, a punição psicológica ou moral, deixa marcas profundas na vida dos acusados, que nem mesmo a prova de sua inocência ou o tempo conseguem apagar. Foi exatamente isso, que aconteceu na vida das pessoas envolvidas no caso descrito no livro.

Mais uma vez, confirma-se o provérbio popular: “Aquele que levanta falso testemunho, é semelhante a alguém que solta as penas de uma galinha de um prédio. Mesmo que queira, nunca mais recolherá todas as penas.” A desculpa de jornais e jornalistas foi louvável, mas como as “penas” jamais se tirará a fama causada pela calúnia.

Questiono-me a respeito da posição dos pais – de maneira, especial, das mães – de colocarem abertamente as denúncias-acusações sem se incomodarem com o “amor-próprio” a si mesmas. Talvez, o desespero tenha sido tanto, que não se preocuparam com o fato de estarem “manchando seus nomes”, expondo seus filhos à opinião pública, sem terem certeza do incidente. Pois, segundo o relatório da psicológa Marylin Tatton, constata-se que a mãe, em entrevista, demonstra Ter questões não resolvidas, sobre sua educação sexual. Isso transparece em seus posicionamentos em relação às atitudes do filho.

O posicionamento dos acusados, em nenhum momento, segundo citações no livro, manifestou comprometimento com o caso. Ao contrário, as interrogações iam surgindo, ao passo que se levantavam novas suspeitas. Desde o início, deram pouca importância à versão dos acusados. No entanto, deram demasiada importância aos veredíctos dos acusados e sociedade.

Durante todo o processo, os acusados – as vítimas – sofreram imensa pressão psicológica por parte da mídia, através das denúncias que se assomavam ao processo de investigação.

Para mim, pessoalmente, viveram uma Semana Santa de torturas, como Jesus Cristo, e até hoje, estão em busca da Ressurreição que começa na terra através da Justiça; ao contrário de Jesus que conquistou após três dias. Espero que um dia, eles consigam superar tamanho trauma e possam reconstruir suas vidas com tranqüilidade.