Conquista da América: a Questão do Outro. Tzvetan Todorov.

RESENHA CRÍTICA.

Considerado um dos maiores intelectuais contemporâneos Tzvetan Todorov (1939- 2017), foi um filósofo e linguista búlgaro, radicado na França desde os anos 1960, autor de clássicos dos estudos literários como Crítica da Crítica (1991), Simbolismo e Interpretação (1980), o mesmo acabou influenciando ciências como Sociologia e a Antropologia, além de ter se dedicado ao estudo das histórias das ideias por meio de obras que tratam de assuntos como barbárie, amor, democracia e alteridade, sendo esta ultima temática, uma das principais abordagens contida em uma de suas obras. Em a Conquista da América: a Questão do Outro, escrita em 1982, o autor trata basicamente dos cem anos que seguem a descoberta de Cristóvão Colombo, ou seja, o século XVI, no entanto a novidade nos trazida pelo búlgaro é justamente um olhar que passeia por nuances que contrastam não tão somente com as informações a cerca da conquista, mas com as impressões dos homens daquela época, os quais se encontraram diante de um misto de apreensões voltadas para o outro, outro este que além de ser aquele que é o diferente, pode assumir as características do próprio eu ao deparar-se com a atuação da alteridade em plena evidência. A obra antes de ser um manual rígido a cerca dos anos que seguiram o século XVI, se constitui como um diário histórico antropológico e ao mesmo tempo filosófico sobre a conquista da América, a qual de acordo com o autor, [...] anuncia e funda nossa identidade, além do que [...] é a mais indicada para marcar o início da era moderna. Neste contexto de ‘’descobrimento’’, Todorov se aplica ou chama como razão fundamental para a escolha deste tema, dois fatores de suma importância: o primeiro pode-se perceber na seguinte declaração do autor: ‘’ A descoberta da América é sem dúvida o encontro mais surpreendente encontro da nossa história. ’’ (p- 5) Tal afirmativa resume o interesse do autor em interpretar a conquista da América sob os aspectos da estranheza do homem europeu diante daquele novo mundo e a segunda razão trata-se da causalidade direta, ou seja, as consequências da conquista da América para o mundo. Segundo Todorov sua obra não se trata de um retrato fiel a cerca de como funciona a nossa relação como outro, mas funda-se como um relato histórico de uma história que muitas vezes sofreu e sofre deslocamentos muitas vezes imperceptíveis. Quanto as estratégias- fontes utilizadas na obra, Todorov, nos apresenta suas entendimentos a cerca das traduções de obras indígenas além de sua ‘’ tentativa de entender o que aconteceu neste dia’’, por meio de autores como Colombo, como já foi dito, Córtez e Montezuma, Las casas e Sepulveda, Duran, um dos melhores observadores da sociedade asteca, e Sahagún em diálogos com interlocutores índios. A obra é dividida em quatro partes, Descobrir, Conquistar, Amar e Conhecer, cada uma com particularidades e que caminham em direção à interpretação da proposta do autor, quiçá, seu principal objetivo traçado ao desenvolver a Conquista da América: a Questão do Outro: como funcionava aos olhos do homem branco, europeu, aquele novo mundo com novos seres humanos, suas novas paisagens e histórias? Como o desenvolvimento entre estes fluiu para além do interesse pelo ouro e riquezas? Ao nos transportar para o período da colonização da América, Todorov, principalmente nas partes Conquistar, (p- 63-117) e Amar (151-203), busca nos levar a compreender qual a força motora que levou os espanhóis a vitorias de grandes impérios como o dos Astecas, já que os mesmos detinham de recursos e exércitos relativamente pequenos diante do grande domínio asteca sobre toda a América Central. Além de assuntos ligados a forma como se deu a conquista, o autor busca evidenciar que a sociedade americana era em si completamente ritualizada, ou seja a riqueza cultural daqueles povos relacionadas com seus signos e detalhes próprios.

Mirela Lourdes
Enviado por Mirela Lourdes em 22/04/2018
Código do texto: T6315502
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