Falsa Submissão

REESE, Laura. Falsa Submissão. Record, 1996.

O modismo em torno do livro 50 Tons de Cinza e as críticas contundentes diante da superficialidade da trilogia de E.L James criou um empecilho para a leitura desse livro. Mas como sempre gostei da literatura erótica pelo prazer proporcionado (sem trocadilho) da imaginação fertilizada pela leitura, cheguei ao livro Falsa Submissão após uma pesquisa básica e a leitura de algumas resenhas.

A obra de Laura Reese é de 1995 e 50 tons de 2011. Esse thriller de suspense com pitadas de sexo diferente (bem diferente) atendeu minhas expectativas preenchendo o desejo de um entretenimento tão atrativo quanto surpreendente.

Embora tenha avaliado a introdução do livro como um pouco cansativa devido ao excesso descritivo do background da personagem principal, a jornalista Nora, a narrativa engrena e as reviravoltas nos prendem até o clímax (desculpem-me) da história.

Nora é uma mulher independente e descompromissada. Após a morte dos pais e do irmão, descobre que a outra irmã foi assassinada. A tragédia familiar aguça a vocação investigativa da jornalista.

Fanny era calma e tímida, mas Nora se surpreende ao começar a descobrir situações inesperadas sobre o relacionamento íntimo da irmã.

O ex-namorado da vítima é o professor de música Michael, M. Um homem maduro fisicamente, inteligente e manipulador. O diário de Fanny revela o sofrimento e a prisão voluntária nos joguinhos oferecidos por ele. Ela se torna extremamente dependente do controle do Sr. M. ao ponto de se humilhar para não perdê-lo.

E Nora decide se mudar para a cidade do suspeito. O relacionamento dela é deixado de lado para passar a segui-lo. Ela está tão obcecada ao ponto de se aproximar e se relacionar com o Sr. M. em troca das revelações que ele se predispôs a fazer sobre a vida da irmã.

Tudo o que você pode imaginar em ser utilizado para incrementar um relacionamento sexual é estimulado e ensinado pelo professor. Enquanto Fanny se sentia deprimida pela dependência, Nora se sente desafiada pelas propostas. Se você teve alguma fantasia e acha que ninguém mais teve é bem provável que o Sr. M. já tenha realizado.

É uma história pesada e pode deixar o leitor reticente em alguns momentos, mas o que prende tanto quanto o voyeurismo é a vontade de descobrir se a jornalista vai ter sucesso na investigação que desencadeou esse novo relacionamento. Mesmo com vontade de largar o livro, você não consegue. E o leitor passa a ser como um personagem da história também envolvido pelas palavras, pensamentos e atitudes do Sr. M.

Depois de Falsa Submissão, até acabei com o preconceito com o 50 Tons e após o empréstimo dos três livros por uma amiga apaixonada por Christian Grey, gostei dos livros. Embora raso e clichê, inocente e infantil, típico do conto de fadas, muitos romances podem ser assim na vida não ficcional.

Aprendi a respeitar o valor de qualquer obra literária. Sem incluir a minha amiga, que já gostava de livros, a trilogia 50 Tons contribuiu para introduzir milhares de novas leitoras no mercado editorial.

Já a obra resenhada pode alimentar mais ainda essa vontade de se entreter com esse nicho da literatura. Ninguém está te vendo, aproveita e dá uma lida. Experimente.