Resenha do livro "A revolução dos bichos", de George Orwell

Quando se discute literatura, principalmente relacionada à sociedade, nota-se que uma relação entre a obra e seu condicionamento social, ou seja, um vínculo entre a obra e o ambiente, pois vê-se que há um grande valor e significado na obra ao mostrar-se aspectos da realidade. Neste sentido, texto e contexto são elementos essenciais para compreender-se o sentido que a obra quer passar por meio de sua estética literária, fato que Antônio Cândido questionou ao tentar saber até que ponto a arte poderia expressar representar a sociedade e os problemas sociais.
Percebe-se, assim, que alguns escritores conseguem representar de forma tão exímia os valores da sociedade que os aspectos de identidade de sua época são percebidos mais criticamente. Foi deste modo que Geroge Orwell escreveu seu livro A Revolução dos Bichos em 1945 com o objetivo de fazer uma sátira contra o regime totalitarista soviético, principalmente contra o governo stalinista.
O romance conta a história de um grupo de animais que vivem em uma fazenda, cujo dono é chamado de Sr. Jones. O enredo se desenvolve a partir de uma reunião chefiada por um porco chamado de Napoleão que decidi chefiar uma rebelião contra seu dono devido às condições pelas quais são submetidas - excesso de trabalho para receber condições de vida não muito boas -, e o resultado dessa rebelião é formar um Estado só entre os animais com o objetivo de conseguir uma situação em que haja igualdade entre todos. No entanto, alguns animais – coordenados pelos porcos – começam a colocar-se acima dos outros e por suas vontades como prioridade, em uma relação com aforia “todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que os outros”.
A crítica ferrenha contra a ditatura stalinista é perceptível quando o porco Napoleão – que representaria Stálin - sobe ao poder e começa a tomar atitudes altamente totalitárias e egoístas. A partir daí, George Orwell descreve o contexto sócio-histórico de uma época em que o poder era dado para políticos-ditadores que somente traziam desigualdades em qualquer sistema de poder (capitalista ou socialista).
Nesse sentido, ao criticar a política de sua época, Orwell mostra como os animais da fazenda conseguiram reunir-se para tentar uma reviravolta contra a violência e submissão contra o governo. Entende-se esse fato como uma analogia com a sociedade da época que deveria ser contra as más condições de vida dadas pelo regime totalitarista, fazendo analogia entre Major e Lênin, Bola de Neve e Trotsky e Napoleão a Stálin como modo de criticar o sistema político de dominação que não daria certo.
Ricardo Miranda Filho
Enviado por Ricardo Miranda Filho em 27/05/2018
Reeditado em 27/05/2018
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