Por que você escreve? – organização de Sérgio Blank

O amor existe, o problema é a falta de comunicação entre as pessoas. Essa primeira frase do texto foi colhida de memória do romance em quinze tomos A tragédia burguesa, do autor Octávio de Farias, que é, em minha opinião o nosso Balzac. Há alguns minutos terminei de ler o livro Por que você escreve? No qual alguns autores capixabas, sob a coordenação do poeta Sérgio Blank, dão depoimentos onde consta uma resposta para essa pergunta, entre esses autores estão Wilberth Salgueiro, Caê Guimarães, Pedro J Nunes, Fernando Achiamé, Bernadette Lyra. Os tons das respostas são predominantemente confessionais, isto é, dizem do fato ou da necessidade que levou os escribas ( poetas ou prosadores, romancistas, cronistas ou contistas) a adotarem a escrita como meio de comunicação predominante com o mundo. E é óbvio, nada há de mais cabal na comunicação do que a palavra escrita, mesmo nesses tempos audiovisuais.
O mal-entendido, o bem-entendido, ou o meia palavra basta só tem valor absoluto na palavra escrita, e, embora a palavra falada de uma conversa construtiva e sincera entre pessoas seja o que há de mais sublime em termos de comunicação, somente na palavra escrita, no contrato assinado, há algo cabalmente definitivo, algo a se eternizar, quando haja o valor do texto.
Sou leitor de vários dos poetas presentes no livro, e tive prazer em ler seus depoimentos, uns mais rasos outros mais altaneiros, oras, que bom, voos há para todos os pássaros, uma gaivota velha só voa em beira-mar, porque sabe não poder fazer mais pescarias em alto-mar por não ter mais forças para voltar ao beira-mar. Aves de quintal tem voos que parecem mais saltos do que verdadeiros voos, aceleram asas apenas para fugir de degolas eventuais. Condores voam altos, gaviões caçam seus jantares e eventualmente são atacados por andorinhas vindas de surpresa de todos os lados em uma verdadeira guerra aérea. Os autores presentes no livro podem ser andorinhas, podem ser aves de quintal à cata de miudezas para seus escritos, podem ser gaivotas, algumas mais jovens outras nem tanto, alguns com mais histórias para contar por conta do tempo vivido, outros com mais histórias para contar pela imaginação em largueza.
Foi doce a leitura, a comunicação em carta de Ana Laura Nahas em resposta à pergunta Por que você escreve? É comovente. Escolhi citar Ana como o espelho de todos ao terminar essa resenha sobre o livro Por que você escreve? Por que Ana é um nome em palíndromo, pode ser lido de trás para a frente que continua o mesmo. O livro organizado por Sérgio Blank também pode ser lido de trás para a frente, até porque o organizador do livro é o último a responder à pergunta que fez aos outros escritores: Por que você escreve? E é recomendável que se leia o depoimento de Sérgio Blank antes de os outros depoimentos-respostas, porque assim se saberá como tudo começou. E é claro que a comunicação aqui não se restringe ao amor que permite uma qualidade melhor de comunicação entre as pessoas, outros sentimentos também podem levar alguém a escrever, mas o que importa é que cada um dos escribas presentes no livro, ao responder à pergunta, diz qual é o seu sentimento sobre o ato de escrever.
Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 03/10/2018
Reeditado em 04/10/2018
Código do texto: T6466425
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