A vespa e a zarabatana

A VESPA E A ZARABATANA
Miguel Carqueija

Resenha do romance “Morte nas nuvens”, de Agatha Christie. L&PM Pocket, Porto Alegre-RS, 2012. Volume 1090 da coleção da editora. Título original: “Death in the clouds”, copyright 1935 de Agatha Christie. Capa: ðesignedbydavid.co.uk”.

Mais um caso de Hercule Poirot, policial belga aposentado que se tornou detetive particular com trânsito livre na Scotland Yard (Inglaterra) como na Suretè (França). Poirot é conhecido pelo grande público por sua imensa vaidade, seus bigodes imensos e a constante referência às “pequeninas células cinzentas”, pois orgulha-se de sua inteligência. É o típico investigador cerebral, dedutivo, na tradição iniciada por C.August Dupin, de Edgar Allan Poe.
“Morte nas nuvens” é um caso algo atípico, onde uma mulher é assassinada com veneno a bordo de um avião que seguia de Paris para Londres. Poirot, porém, seguia na aeronave e chega a ser apontado como um dos suspeitos. O caso é desconcertante, pois parece que Giselle foi morta por um dardo embebido em veneno de cobra e disparado de uma zarabatana, que por sinal é encontrada. Tanto o policial inglês, Japp, como seu colega francês Fournier, baseiam-se nisso, embora seja quase impossível utilizar uma zarabatana a bordo de um avião de passageiros sem que ninguém perceba. Por outro lado o jovem arqueólogo matou uma vespa, só que o único a se interessar por esse detalhe é Poirot.
E não me acusem de estar fazendo uma revelação de enredo — um dos tais famosos “spoilers”. A culpa é da própria editora, que colocou na capa a figura de uma vespa. A pista está escancarada e praticamente qualquer leitor pode enxergar que a vespa tem a ver com a solução do caso. No mais é aguentar Poirot, um chato de galocha, até o fim, o que às vezes não é fácil nem para os leitores....

Rio de Janeiro, 14 de outubro de 2018.